Ex-prefeito acredita que faltou tempo


Santos diz que a saída do cargo prejudicou andamento dos projetos, que foram adiados pelo substituto dele, Chico Galindo


Lerner ganhou fama ao comandar a criação e a execução do Plano Diretor da capital paranaense
RODRIGO VARGAS
Da Reportagem

“O que faltou? Faltou eu concluir o meu mandato. Se tivesse ficado à frente da prefeitura por mais dois anos e nove meses, tudo o que o Lerner planejou estaria pronto”, afirma o ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos.

Ele se refere ao episódio da desincompatibilização do cargo em 2010, quando deixou seu segundo mandato pela metade para lançar-se candidato ao governo do Estado.

“Eu já disse e repito: aquele foi meu maior erro político. Deveria ter continuado para concretizar projetos como esses do Jaime Lerner, que considero um gênio, um dos maiores do mundo”, diz.

Na administração de seu vice e sucessor, Chico Galindo, Santos avalia que a iniciativa não avançou em razão da escolha de “outras prioridades”.

“De qualquer maneira, as propostas estão aí, à disposição do município e creio que não perderam força ou viabilidade. Ainda podem se tornar realidade”, diz.

Santos lembra que Lerner não foi o único arquiteto de renome internacional a ser procurado durante sua gestão. “Tentamos contratar o Oscar Niemeyer, para que ele projetasse o novo prédio da prefeitura.”

CURRÍCULO - Três vezes prefeito de Curitiba, o arquiteto Jaime Lerner ganhou fama ao comandar a criação e a execução do Plano Diretor da capital paranaense, que experimentou transformações que a colocaram na vanguarda do urbanismo mundial.

Entre outras iniciativas, foi o idealizador da rede integrada do transporte coletivo, implantou a coleta seletiva e investiu em áreas verdes e espaços de cultura e lazer.

Em 1997, foi incluído pelo jornal Los Angeles Times entre as oito personalidades de destaque mundial no período pós-Guerra Fria.

Nascido em Curitiba em 1937, Lerner foi o idealizador do Instituto de Planejamento Urbano (Ippuc) da cidade e, como consultor, desenvolveu projetos para várias cidades do país (Recife, Salvador, Aracaju) e do mundo (Shangai, Havana e Seul).

Recentemente, publicou um artigo no qual afirma que o país sofre de “paralisia aguda” ao tentar concretizar obras públicas.

“Criou-se uma burocracia tão aprisionante que (...)transformou a execução de qualquer projeto em uma corrida de obstáculos”, disse, em um trecho.

O DIÁRIO entrou em contato com o escritório de Lerner no Paraná e encaminhou perguntas, mas não houve resposta até a conclusão desta edição.