Eleições 2013: Cenário político começa a ser desenhado com muitas dúvidas


Provavelmente pela inapetência política demonstrada pelo grupo que cerca o governador Silval Barbosa (PMDB) ou talvez pela falta de surgimento de líderes de envergadura, nas últimas décadas, o pleito de 2014 em Mato Grosso se desenha como “mais, mesmo”. Reeleito em 2010, o próprio Silval está fora. E o desenho de cenário demonstra forte tendência de que haja um enfrentamento entre os senadores Blairo Maggi (PR) e Pedro Taques (PDT), caso não haja o surgimento de qualquer ‘fato novo’ – leia-se nome de impacto fora do círculo visível, como o juiz federal Julier Sebastião Silva.

No ano passado, Maggi e Taques andaram de mãos dadas em quase 40 municípios, apoiando prefeitos e vereadores, inclusive em alguns dos maiores colégios eleitorais, como Cuiabá, Várzea Grande e Sorriso.

Os outros nomes possíveis de estarem no páreo para o Palácio Paiaguás enfrentam problemas diferenciados. Basta correr o olho no tabuleiro mato-grossense para perceber que realmente certos, com musculatura, sobram Maggi e Taques.

Sem Julier Sebastião e com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD), sofrendo impedimento jurídico, o cenário para 2014 fortemente aponta para Taques versus Maggi.

Poderia se esperar alguma reação do senador Jayme Campos (DEM). Mas ele já confidenciou a amigos que existe de 80% a 90% de chances de ‘vestir o pijama’. Para a reportagem do site, diante de tal questionamento, em recente entrevista no Hotel Fazenda, Jayme admitiu disputar a reeleição para o Senado, mas logo despistou com o tradicional “o futuro a Deus pertence”.

A derrota de sua mulher Lucimar Sacre de Campos, que tinha a vitória com favas contadas, para a Prefeitura de Várzea Grande, calo fundo no coração de Jayme. Perdeu onde considerava quase como seu quintal.

José Geraldo Riva tem seu nome trabalhado pelo PSD e possivelmente é quem possui maior capacidade de arregimentar majoritariamente os prefeitos e vereadores. Ele até já avisou que está pronto para uma disputa majoritária. 

Para o cargo de deputado estadual, não disputa mais: ele irá ‘dependurar as chuteiras’ e deseja passar o bastão da família para a sua filha, Janaína Riva (PSD),esposa do vereador João Emanuel Lima (PSD), presidente da Câmara de Cuiabá. 

Caso mude de idéia e decida disputar um novo pleito, primeiro, José Geraldo será obrigado passar pelo crivo da Lei Complementar 135 (Ficha Limpa). Poucos apostam que consiga êxito, inclusive no meio jurídico, mas o histórico de Riva prova que jamais ‘joga a toalha’, por antecipação, o que só aumenta os pontos de interrogação. 

O prefeito Mauro Mendes (PSB), segundo colocado para governador, em 2010, nem aceita falar sobre 2014. Pelo menos por enquanto. Do jeito que venceu a acirradíssima disputa pela Prefeitura de Cuiabá, Mendes estaria devendo uma vela para cada apoiador e, para PR e PDT, um pacote inteiro. 

O juiz federal Julier Sebastião Silva, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, militante de esquerda desde os tempos do Curso de Direito da UFMT, deixou sem resposta os sucessivos convites de filiação formulados pelo Partido dos Trabalhadores, entregues pelo seu amigo, deputado estadual Alexandre Cesar, da Executiva Estadual do PT. “Ele tem o direito de refletir, porque possui uma situação profissional altamente promissora”, desconversa Alexandre.

Desde que Taques foi eleito, em 2010, porém, Julier ficou menos recatado, dando mostras de que deseja o corpo-a-corpo com o povo. Ele passou a dialogar cada vez mais com líderes de organizações sociais e até indo a bairros e frequentando lojas – antes, os vendedores de uma conceituada loja de Cuiabá iam até seu gabinete, no Fórum Federal, com dezenas de ternos e camisas de grife, para que fizesse suas escolhas. O problema dele é convencer sua família, radicalmente contrária a seu ingresso na vida política. 

Até por questão de sobrevivência, o Democratas ensaiou a busca de um romance com o ministro Gilmar Ferreira Mendes, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Mato-grossense de Diamantino (Medio Norte), Mendes nem deu chance para ser ‘pedido em namoro’, enviando um sonoro ‘não’ para o ex-governador e deputado federal Júlio Campos, vice-presidente estadual e membro da Executiva Nacional do DEM. Júlio Campos está fora do páreo, decisão amadurecida após a morte de sua mulher, professora Isabel Campos.

Maggi jura por tudo quanto é sagrado que não sabe se vai ser ou não candidato. Em três ocasiões recentes, afirmara ao site que só vai discutir 2014 quando chegar a hora certa. Não especificou que “hora é a certa”. Nas últimas declarações públicas, ele preferiu tergiversar sobre o que estará fazendo, em 2014. É certo apenas que ficou decepcionado com o Senado, tendo se licenciado para o senador Cidinho Santos (PR), seu primeiro suplente. 

Todavia, apesar das negativas públicas, não move uma palha para evitar que a ex-primeira-dama Terezinha Maggi, sua mulher, continue mantendo contato intenso com o movimento comunitário e bases populares de Mato Grosso, quase cobrando ‘ordem unida’, como nos tempos em que era titular da Secretaria de Trabalho, Emprego e Assistência Social (Setas).

“Blairo não tem como fugir. É o povo quem deseja a sua volta”, disse Terezinha, ao responder questionamento sobre 2014, formulado por líderes comunitários da Capital. “Se ele voltar é por uma exigência da população e não por manobra politica”, emenda o deputado estadual Emanuel Pinheiro, secretário geral do PR. 

Já Pedro Taques é candidatíssimo ao governo do Estado. Nas quatro ou cinco vezes em que conversou sobre o tema com a reportagem do site confirmou que seu “nome está à disposição”. 

Historicamente, estar à disposição significa “sou candidato” e, embora seja novo na militância, Taques é antigo em política. Ela não esconde a paixão pelos holofotes desde os tempos em que era Procurador da República em Mato Grosso, quando desencadeou a Operação Arca de Noé, com Julier Sebastião, que prendeu o bicheiro João Arcanjo Ribeiro e desmantelou o crime organizado em Mato Grosso.