Declaração do senador Magno Malta, que disse que todo travesti é uma vítima da pedofilia, gera polêmica


Declaração do senador Magno Malta, que disse que todo travesti é uma vítima da pedofilia, gera polêmica
Senador Magno Malta (PR) (Foto: Reprodução)
O senador Magno Malta (PR) ganhou novos inimigos ao declarar, em entrevista ao site SDRZ, que Todo travesti é uma vítima da pedofilia. "Quando a gente encontra um jovem travesti, com certeza é uma vítima da pedofilia. A criança abusada pode virar um abusador e começa uma geração de pedófilos. Pedofilia não é propriamente homossexualismo, mas conduz para a mesma prática", declarou Magno Malta.

Malta fez as afirmações ao comentar sobre uma decisão da Justiça holandesa que autorizou a existência de uma associação de pedófilos no país. “Magno Malta não perde a oportunidade de aparecer, ele envergonha nosso estado e envergonha minha família. Pessoas como ele e o Feliciano não me representam”, disse a transexual Deborah Sabará.

Deborah Sabará é coordenadora  Colegiada do Fórum Estadual em Defesa dos Direitos de LGBTDeborah (foto) é coordenadora do Fórum Estadual LGBT e luta para que os direitos dos homossexuais sejam garantidos no estado, entre eles, a criminalização da homofobia. Deborah acredita que o senador esteja utilizando o público LGBT para aparecer na mídia, seguindo o exemplo do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado pastor Marco Feliciano (PSC), que ficou popular pelas polêmicas declarações homofóbicas e racistas.

“Nós, LGBT de todo Brasil, somos contra a pedofilia, contra o trabalho escravo e prostituição infantil e somos a favor de umafamília, de uma escola e de uma sociedade que de fato seja construída na paz e no respeito a todas as diferenças”, complementa.

O psicólogo Felipe Rafael Kosloski garante que não existe relação na literatura técnico cientifica relacionando as crianças que foram abusadas sexualmente com pessoas que se tornaram homossexuais. “Temos até que diferenciar os termos utilizados pelo parlamentar que, desde que presidiu a CPI da Pedofilia, já demonstrou não conhecer sobre o assunto”, disse o psicólogo sobre o uso da palavra homossexualismo pelo senador.

“O sufixo ismo significa doença, e como sabemos a homossexualidade é uma condição e faz parte da identidade das pessoas”, explica.

Durante os 10 anos de atendimento a crianças e adolescentes vitimas de violência sexual no extinto Programa Sentinela e atualmente no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Felipe constatou que a maioria dos crimes sexuais não são cometidos por pedófilos. “Aliás, muitos pedófilos podem nunca chegar a cometer nenhum ato de violência sexual, já que o transtorno pode ficar na questão relacionada ao desejo e não ser realizado”, salienta.  

Para Felipe, essas declarações fazem parte de um histórico de erros que vêm sendo cometidos por parlamentares, que veiculam mentiras não fundamentadas cientificamente acerca dos direitos humanos.”Relacionar a violência sexual sofrida na infância com a homossexualidade é vitimar mais uma vez essa população que já está repleta de preconceitos em uma sociedade não includente”, conclui.

Quanto à candidatura do senador ao governo do Espírito Santo ou à presidência da República em 2014, Deborah acredita que o bom senso do povo brasileiro vai prevalecer. “Não somos este povo que querem nos transformar, somos da paz e do bem. Não vamos entrar neste jogo de políticos homofóbicos que buscam votos, poder e dinheiro”, afirma.