Clima de velório entre família marca momentos após sequestro de criança de 8 anos no bairro do Porto


Da Redação - Max Aguiar
Foto: Max Aguiar - OD
Clima de velório entre família marca momentos após sequestro de criança de 8 anos no bairro do Porto
Sendo consolada pelos vizinhos, mas com a feição muito abatida por já ter passado horas sem a filha Verônica por perto, dona Tarcilla chora e pede encarecidamente, como se fosse a última suplica de sua vida, para que alguém traga de volta a criança para os seus braços novamente.

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“Por favor, quero minha menina de volta. Quem fez isso, por favor, traga ela para mim. Não aguento mais ficar sem ela. Não me deixem passar a noite sem notícias de Verônica. Por favor”. Essas palavras de dona Tarcilla faziam doer o coração de quem estava na área da casa em que ela mora e que ao meio dia desta sexta-feira (26) foi o local que ela viu pela última vez a criança de 8 anos, Ida Verônica, antes de ser sequestrada.

Quem passava pela Rua Coronel Neves, no bairro do Porto em Cuiabá, perguntava sobre o que se passava no local e o por que de toda aquela aglomeração. Alguns achavam que era algum tipo de crime que tinha resultado em morte. Mal sabiam que o clima era de velório, por que se tratava de um sequestro em que a vítima era uma criança.

De acordo com familiares e vizinhos, o veículo usado na fuga do local, um celta de cor branca com vidro fumê, já teria passado por ali há dois dias. “A gente via esse carro por aqui, mas não desconfiamos de nada. Quem ia antecipar que eles iriam praticar uma coisa dessas”, falou Danielle, irmã de Verônica, que vendo a mãe implorando a volta da irmã, também chorava muito.

Os criminosos usaram um método que praticamente todos fazem. “Eles pediram água e eu fui pegar. Quando voltei, ele (sequestrador) já estava com uma arma em punho e puxou minha irmã que estava apenas de calcinha e toda molhada por que estava tomando banho no fundo de casa”, contou Danielle.

Eles chegaram perguntando sobre um terreno que está com placas de venda na frente da casa da criança. “Esse foi apenas um método para eles praticarem o crime”, disse uma das investigadoras da Polícia Civil.

Já passam de sete horas de investigação da Polícia Civil e por enquanto nenhuma pista sobre o paradeiro da criança foi encontrada. A Polícia Federal foi acionada para dar apoio nos aeroportos e nas rodovias. “Todas as saídas da cidade estão fechadas. Os agentes da PRF estão sabendo do caso e qualquer suspeita irão verificar se a menina possa estar saindo da cidade ou do estado. No Aeroporto Marechal Rondon e outros de Mato Grosso, a Polícia Federal está ciente de que uma menina de oito anos foi sequestrada”, confirmou o aparato Flavio Stringuetta, titular da divisão antissequestro da Polícia Civil.

Para a mãe da criança sobrou o choro e a tristeza, por enquanto. Antes da reportagem do Olhar Direto sair da casa de dona Tarcilla se ajoelhou e pediu que Deus protegesse a criança. “Minha filha nem sabe o que está se passando. Por favor, Deus atende meus pedidos e traz minha fila de volta”, implorou a mãe em estado inconsolável.

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De acordo com a irmã de criação de Verônica, Daniele Siqueira, 26, os bandidos chegaram em um Celta branco de vidros fume e estacionaram em frente a casa. Um deles, homem moreno e de cavanhaque, desceu e bateu a porta da casa, onde foi atendido por Daniele, que estava sozinha em casa com a irmã mais nova.

“Ele chegou aqui perguntando se estava à venda o terreno, eu respondi que não, então ele me pediu um copo de água. Eu tranquei a casa e entrei para pegar a água, quando eu voltei ele me apontou uma arma e foi entrando”, disse a jovem, notadamente nervosa, em entrevista por telefone.

“Depois ele me perguntou quem mais estava na casa, eu respondei que era apenas eu e minha irmã, então ele disse, ‘é ela mesmo que eu quero’ e saiu arrastando a minha irmã pelo braço’”, completou. Ainda segundo ela, a rua estava vazia no momento da fuga dos raptores e ninguém testemunhou o fato.

Outro sequestro

Além de Verônica, Pablo e Izabel também tem um filho de 5 anos que estava sob a guarda de uma família em Santa Catarina. Há informações de que o garoto também foi sequestrado do lar de adoção onde morava naquele estado.

Adoção inesperada

Ida Verônica foi entregue quando ainda tinha três meses de vida a Tarcilla Gonçalina de Siqueira pela própria Izabel Feliz. Tarcilla trabalhava em um hotel em que o casal de traficantes se hospedava em Cuiabá quando a dominicana pediu que cuidasse do bebê por um tempo. Contudo, Izabel nunca mais retornaria.

Um ano depois uma “madrinha” de Ida Verônica procurou Tarcilla para tentar reaver a criança. O caso foi parar na Justiça e o bebê acabou morando no Lar da Criança, sob a guarda do Conselho Tutelar, por cerca de seis meses, até a família de Izabel ceder a guarda.

Desde então nunca mais teria acontecido nenhum importuno e Ida passou a ser criada como um membro original na família Siqueira.

Qualquer informação sobre o paradeiro da garota pode ser repassada por meio do telefone (65) 9238-1091 ou (65) 9291-0607 ou 190.

Atualizada às 17h55/Mais informações em instantes.