A trajetória política de Emanuel Pinheiro nas décadas de 1960 e 1970


Enterro de Emanuel Pinheiro em 1974 no Coxipó, em Cuiabá
Enterro de Emanuel Pinheiro em 1974 no Coxipó, em Cuiabá
Em boa parte das cidades mato-grossenses há placas identificativas de escolas, ruas, avenidas e rodovia com o nome de Emanuel Pinheiro da Silva Primo, ou simplesmente Emanuel Pinheiro, o pai do atual deputado estadual de mesmo nome. Por aqui o antigo Grupo Escolar de Tangará da Serra ganhou o nome de Escola Estadual Emanuel Pinheiro em 04 de março de 1975, sete meses após a morte prematura de Pinheiro, que foi um dos grandes nomes da política mato-grossense nas décadas de 1960 e 1970.
Amado pela ‘cuiabania’, Emanuel Pinheiro nasceu em 11 de agosto de 1930, e faleceu ainda jovem, aos 44 anos, em 1974, em Cuiabá. Advogado formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), liderou o antigo PSB, e foi um dos baluartes do Governo Pedro Pedrossian. Eleito deputado estadual, presidiu a Assembleia Legislativa de 1967 a 1968. Em sua trajetória política foi filiado ao PSD, ao PDS e ao Arena, que mais tarde tornou-se PFL e atualmente é Democratas.
Em depoimento a um veículo de comunicação da capital, o cuiabano João Ubaldo descreve Emanuel Pinheiro: “Ele era cuiabano nato, dinâmico, hábil, articulado, com grande oratória e espírito de liderança. Era jovem e tinha vários filhos pequenos o que aumentou a consternação. Seria o sucessor natural de Filinto Müller, morto 1 ano antes, e chegaria ao governo de Mato Grosso. Uma grande perda para o estado e para o Brasil. Umas das coisas que me marcou foi a frase do jornal Diário de Cuiabá após o enterro: Cuiabá com lágrimas nos olhos leva o último adeus a Emanuel Pinheiro”.

Pinheiro na Constituinte de 67

Emanuel Pinheiro foi um ícone da política mato-grossense por quase duas décadas. Foi deputado estadual por duas vezes e presidiu a Assembleia Legislativa nos anos de 1967 e 1968. Foi em seu mandato como presidente da AL que ocorreu a promulgação, às 9 horas do dia 14 de maio de 1967, da 4ª Constituição do Estado de Mato Grosso.
Nesta mesma época Emanuel Pinheiro foi peça chave no processo de estadualização da primeira escola tangaraense, que, conforme nos conta a história era de madeira e foi concebida por um grupo de pioneiros.
Pinheiro tinha uma popularidade muito grande e saiu da AL e foi eleito para a Câmara Federal exercendo o mandato de deputado em Brasília. No ano de 1974 quando fazia campanha (algumas fontes dizem que era para a reeleição outras informam que ele aspirava uma vaga no Senado) acabou sendo assassinado no município de Chapada dos Guimarães.

Morte de Pinheiro por crime passional em Chapada dos Guimarães

Familiares e amigos se despedem de Pinheiro em 1974
Familiares e amigos se despedem de Pinheiro em 1974
Em 26 de julho de 1974 Mato Grosso parou. O marido enciumado da então prefeita do município de Chapada dos Guimarães, Thermosina Siqueira Lopes da Costa, a “China”, assassinou Emanuel Pinheiro com três tiros nas costas e pôs fim a uma trajetória brilhante que talvez tivesse dado outro rumo para a história de Mato Grosso. Dona China foi foi o pivô do assassinato. Pinheiro estava em plena campanha nas eleições daquele ano. O assassino João Lopes da Costa foi absolvido. A acusação teria descoberto falhas processuais e a Justiça marcou novo júri para João Lopes, mas ele desapareceu misteriosamente.
“Lembro-me muito bem desse trágico dia. Estava com minha família em minha chácara quando recebemos a impactante notícia: Assassinado o deputado federal Emanuel Pinheiro. Mato Grosso ficou em silêncio, Cuiabá parou. Poucas vezes assisti em minha vida comoção como aquela. Gente de todas as classes sociais chorando, prestando homenagens no velório na Assembleia Legislativa e no enterro no cemitério do Coxipó. Uma verdadeira multidão se acotovelava para ver o corpo e se despedir pela última vez do grande líder. Até hoje me emociono quando lembro o fatídico 26 de julho de 1974: o dia em que mataram Emanuel Pinheiro”, conta João Ubaldo.

A contribuição à Tangará da Serra

Em 29 de novembro de 1968, através da lei nº 2.876, foi criando o Ginásio Estadual de Tangará da Serra, assinado pelo então deputado estadual Emanuel Pinheiro, que na época era presidente da Assembleia Legislativa. De acordo com o historiador Carlos Edinei de Oliveira, que pesquisou a história do início da educação tangaraense, a hoje Escola Estadual Emanuel Pinheiro iniciou seus trabalhos em março de 1964, quando Tangará da Serra ainda pertencia a Barra do Bugres.
No início o educandário era chamado de Escola Rural Mista de Instrução Primária de Tangará da Serra (de 1964 à 1967). Já de 1968 à 1970 a instituição de ensino passou a ser ‘Escolas Reunidas de Tangará da Serra’ e de 1970 à 1975 de ‘Grupo Escolar de Tangará da Serra’. Somente a partir de 1975 passou a se chamar Escola Estadual Emanuel Pinheiro, em homenagem ao ex-deputado Emanuel Pinheiro, devido seu esforço em estadualizar a mesma.