Mobilização Democrática
A fusão do PPS com o PMN passa a ser o fato político mais importante a refletir nas eleições de 2014, tanto a nível nacional como estadual. Aqui em Mato Grosso tenho como certo a ida do senador Pedro Taques para a nova sigla.
É muito claro e evidente o desconforto que o senador Taques sente em ser de um partido da base governista. Sua verve acusatória, fruto talvez do tempo que atuou no ministério público, tem sido seu único instrumento de ação. Pelo fato de seu partido, o PDT, compor o staff da presidente Dilma, podemos dizer o senador esta engessado, não podendo usar em toda sua plenitude seu ácido discurso cítrico.
Fazendo uma analise fria e isenta, estrategicamente seria excelente esta mudança para o senador. Vejamos o porque:
1- Pedro Taques poderia fazer oposição livremente, e ocupar um espaço que anda vazio, com isso ganharia destaque na imprensa nacional.
2-Aqui em Mato Grosso seria o palanque de Eduardo Campos, alem de amarrar o apoio de Percival Muniz, que é líder do MD, arrastaria Mauro Mendes junto, vale lembrar que Mauro já se manifestou varias vezes que tem preferência por Blairo, nesta situação não teria como não apoiar Taques.
3-Manteria o apoio do PDT, que continuaria sob o comando de Zeca Viana e Pivetta. 4- Sendo o PPS, que é base do novo MD, antigo parceiro do PSDB-DEM, ficaria pavimentado um futuro apoio dos Democratas. O PSDB teria que ir para o sacrifício para dar palanque á Aécio Neves, ficando de fora desse bloco, gerando uma terceira candidatura. Caso Eduardo Campos não seja candidato, hipótese remota á esta altura do campeonato, Taques perderia o apoio de Mendes mas ganharia o apoio do PSDB e seus preciosos tempo de TV.
Sendo Pedro Taques cuiabano escolheria um vice de Rondonópolis, podendo ser o Adilton Sachetti, que alem de representar o agronegócio na chapa, amarraria o PDT. A vaga ao senado seria ofertada ao DEM, e o PSB, além da suplência do senado seria contemplado com fato do senador Taques garantir palanque á Eduardo Campos, acordo que obviamente passaria pelas executivas nacionais dos partidos envolvidos.
Este bloco teria um razoável de tempo de TV e uma força política considerável. Em Cuiabá a liderança do próprio Taques e do Prefeito Mauro Mendes. Em Várzea Grande do senador Jaime Campos. Em Rondonópolis Adilton Sachetti e o prefeito Percival Muniz. Primavera do Leste os Vianna e o atual prefeito do DEM, Erico Piana. No médio norte Pivetta. No Araguaia diversas prefeituras incluindo São Félix e Água Boa, onde o prefeito é do PPS, e o que ficou em segundo lugar, por uma pequena diferença é do PDT. Ainda no Araguaia conta com a possibilidade de ter o deputado Adalto de Freitas fortalecendo este bloco. Na região de Cáceres o PPS comanda Pontes e Lacerda. Na região de Juara a deputada Luciene Bezerra e seu esposo Oscar. Constituindo uma base muito boa no interior, coisa que Mauro Mendes não teve em 2010.
Em uma entrevista na semana retrasada o presidente do PPS Percival Muniz disse que era muito cedo pra discutir eleição ao governo de 2014. Esta semana, depois de uma reunião com Pedro Taques, mudou radicalmente de opinião, defendo a definição da candidatura pra já. Quem conhece bem o Percival sabe que isso é o maior indicativo que o senador Taques esta com os dois pés no MD. Esta articulação deve ter sido costurada por Pedro Taques na cúpula do PPS, não restando muito o que Percival fazer, senão passar a imagem que é ele o responsável pelo convite e possível ingresso do senador na nova sigla. Sendo um político experiente não passaria o recibo de que Taques veio goela abaixo.
Fica a dúvida , caso isso realmente ocorra Blairo Maggi teria coragem de encarar Pedro Taques? Eu acho que não, quem o conhece bem sabe que ele não entra em bola dividida. E sendo assim sobraria uma composição com PT na cabeça de chapa, tendo como candidato o juiz federal Julier Sebastião, que seria o palanque de Dilma no estado e anularia o discurso moralista e anti-corrupção de Pedro Taques, que tem sido o pilar que o sustenta.
Nesta composição o PMDB indicaria o vice, provavelmente o prefeito de Sinop Juarez Costa, contemplando o nortão, e a vaga de senado ficaria para o PR, do senador Maggi, que poderia indicar Welliton Fagundes, ou para o PSD do deputado José Geraldo Riva. Este bloco constituído pelo PMDB, PR, PSD, PT e PP tem uma força tremenda no interior, alem de ter a máquina estadual e federal soprando a favor.
Se por um erro estratégico o senador José Pedro Taques não aproveitar a janela e ingressar no mobilização democrática, ficará inviabilizado de concorrer ao governo, que mais uma vez cairia no colo de Blairo Maggi. Mesmo tendo Pedro Taques total garantia de legenda para concorrer ao governo pelo PDT, duvido muito que ele consiga “amarrar” o apoio do MD, leia-se Percival Muniz, e do PSB de Mauro Mendes. Assim como já atuou nos bastidores para barrar a ida de Marino Franz para o PSDB, Maggi minaria Taques lhe deixando apenas o apoio dos tucanos, sem a menor base no interior. Ai entra a velha tática da turma da butina, fecha o interior e na reta final entra pe$ado dividindo Cuiabá.
No final de maio, prazo final da janela para ingresso no MD, teremos uma ideia melhor de como ficará essa "muvuca democrática".
RODRIGO RODRIGUES é jornalista, aviador, perito judicial e corretor de imóveis