O xadrez do governador

 O governador começa a sinalizar os caminhos da construção de sua chapa de reeleição.  Tem dois pontos centrais nesta composição que passam por duas posições estratégicas na sua chapa executiva: o senador e o vice-governador.  

 

Obviamente, por ser apenas uma vaga ao Senado em disputa, o nível de estresse político geral tem subido muito entre os concorrentes e seus apoiadores. No seu menu, o governador tem pelo menos duas opções: Neri Geller e Wellington Fagundes. 

 

A indefinição dessa chapa por parte de Mauro Mendes aumenta a insegurança dos postulantes. Muitos analistas afirmam que essas escolhas no tabuleiro de senador e vice já garante de antemão a reeleição do governador. Será? 

 

É óbvio que se o governador não tivesse uma perspectiva forte de reeleição nenhum dos dois almejaria este casamento. 

 

Não necessariamente a escolha de Mendes de um dos dois nubentes levaria a desistência imediata do concorrente, pois ambos, em tese, podem ser concomitantemente candidatos na mesma chapa de governador. Nada impede!   

 

Um movimento errado pode também causar o surgimento de uma candidatura nova ao governo. Pelo menos são essas as ameaças ou os riscos possíveis.   

 

Creio que existam poucas possibilidades de um plano B de candidatura alternativa ao atual governador por parte dos postulantes ao senado após a batida do martelo do governador. Até porque pode parecer casuísmo eleitoreiro e improvisação, mas como em política não existe impossível, temos que aguardar! 

 

Ou alguém acredita que ambos pré-candidatos a senado topariam compor chapa ao lado do desmilinguido Emanuel Pinheiro para Governo?  Neste caso, Emanuel é mais peão nesse jogo das ameaças dos pré-candidatos a senador do que de Rainha no tabuleiro. 

 

Wellington Fagundes tem como trunfo a carta de Bolsonaro, o grande cabo eleitoral de Mato Grosso, e Neri Geller tem Blairo Maggi, grande influencer da política mato-grossense que inaugurou a entrada do agronegócio no poder. 

 

Enquanto “a noiva” no altar não diz sim e se bem conheço, vai postergar até quando não poder mais, até porque está confortável nas pesquisas eleitorais e na avaliação da gestão, resta aos nubentes expressarem suas angústias e incertezas num mise-en-scéne infinito, verdadeiro teatro de sombras entre verdades e mentiras numa pantomina que engana a plateia.   

 

Em política, nem tudo o que se vê ou que parece ser é a realidade em si. É preciso aprender a ler os sinais. 

 

Na contramão de tudo, têm partidos apostando numa candidatura de fora do agronegócio ou do poder, para fazer o contraponto aos candidatos mais tradicionais. A conferir! 

 

Com relação ao cargo de Vice-Governador: segunda equação política a ser resolvida existem várias possibilidades e nomes. Por ordem: Pivetta, Cidinho, Neri (caso não seja candidato a senador), Max e Janaína Riva. Diz a gíria da política que vice-governador se escolhe de véspera de convenção. E eu acredito nisso! 

 

Esse cargo de Vice tornou-se mais valioso porque, em tese, o eleito pode tornar-se governador. Explico: caso Mauro Mendes - depois de reeleito, renuncie seu mandato para disputar ao Senado em 2026, seu sucessor assume a cadeira de governador podendo disputar as próximas eleições (daqui a 4 anos) sentado na máquina pública, como se diz. 

 

Existe sempre alguém enxergando no mínimo três casas na frente no tabuleiro de xadrez. Mas, Mauro Mendes pelo visto só joga uma casa por vez.  

 

Porém, na lógica contrária, o governador se for reeleito pode simplesmente não concorrer ao Senado e terminar o governo nos 4 anos, tentando mitificar sua imagem como grande governador. 

 

Julgo essa hipótese bastante provável inclusive, pelo pouco que conheço dele.  

 

Foi comum no passado alguns políticos anteciparem as eleições anos antes do pleito, através dos chamados acordões partidários, falarem bravatas e turrarem aos quatro cantos do Estado quem serão seus sucessores, sem nem ao menos considerar que existem eleições. 

 

Essa postura açodada e de pressão para as decisões eleitorais antes do tempo no arrepio da lei tinha como objetivo claro aparelhar e facilitar o uso político eleitoral das chamadas máquinas públicas. 

 

O governador pensa e age diferente quando não anuncia suas decisões, preserva a administração pública de seus infortúnios e aparelhamentos, pois estamos ainda a 8 meses das eleições. 

 

A esse pretexto também ganha mais tempo para pensar o jogo, segurando a trama do xadrez. E de lambuja diminui o tempo para um contragolpe e revides possíveis de suas escolhas. Isso que endoidece os players da política, ter que esperar! 

 

E tem mais, ao observar friamente a movimentação dos pretendentes o enlace e troca de alianças no altar o governador vai conhecendo os perfis dos seus “aliados”, traições, conspirações e os que se mantém leais, para poder repactuar sua base e suas parcerias futuras. Diria até que ele tem um certo asco desse jogo de chantagens e ameaças. 

 

Como o prazo final para decisão e convenções ainda é 05 de agosto, ainda tem muita água para passar debaixo dessa ponte e se eu bem conheço o modelo mental do governador, ficará tudo para mais tarde, inclusive sua decisão! 

 

Mendes tem a seu favor as pesquisas eleitorais e pode por isso se dá ao luxo de deixar os pretendentes no altar esperando. Como disse Ulysses Guimarães: quem manda nesse jogo é o Dr. Rua, o voto da população. 

 

Aos afoitos, resta uma sugestão: ir à próxima capela e acender uma vela para Santo Expedito, o padroeiro das causas urgentes! 

 

 

Suelme Fernandes é Deputado Estadual Sem Partido. 

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