Com comprovada irrelevância eleitoral e sem autoridade com bolsonaristas, empresário torna-se mensageiro de senador

 

Com R$ 1,5 milhão de patrimônio, em 2006, Reinaldo ensaiou investida em cargo eletivo. Agora, com R$ 158 milhões, novamente se aproxima

Escolhido pelo senador, Wellington Fagundes (PL), para ganhar o título de “coordenador da campanha de Jair Bolsonaro” em Mato Grosso, o empresário Reinaldo Morais (PL) tem um passado recheado de polêmicas e o nome envolvido em diversos escândalos recentes da política nacional, embora nunca tenha chegado perto de se eleger.

Em 2020 o popular “Rei do Porco” –  apelido atribuído pelo sucesso de sua empresa, a Suinobrás, com sede em Diamantino e Cuiabá –  alcançou decepcionantes 36.545 votos na eleição fora de época ao Senado Federal, mesmo com todo o seu poderio financeiro, como principal aliado de campanha.

Histórico

O “Rei do Porco”, aliás, só ganhou essa nomenclatura recentemente, em Mato Grosso. Reinaldo é natural de Maringá, no Paraná, onde fez fortuna com a BR Frango. Ele é acusado pelo atual deputado federal pelo Paraná e ex-ministro da Justiça do Governo Temer, Osmar Serraglio, de ser “estelionatário”.

Segundo Serraglio, a JBS, dos irmãos Batistas – que acabaram presos por esquemas fraudulentos durante a era petista – utilizou indevidamente recursos públicos do BNDES e do Banco do Brasil em negócio lesivo ao erário com a  parceria da BR Frango, de Reinaldo. O fato foi denunciado pelo parlamentar paranaense, em 2014, à Procuradoria Geral da República – PGR.

Três anos depois, durante a deflagração da Operação “Carne Fraca”, da Polícia Federal, em 2017, Serraglio foi alvo de um escândalo, quando foi gravado por Reinaldo assumindo que agia junto a Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, para favorecer a Averama, também do interior do Paraná, e concorrente da BR Frango.

Fracasso na política e sucesso na conta bancária

Antes de se aventurar e tentar cavar relevância política em Mato Grosso a qualquer custo, como faz agora, Reinaldo tentou ser deputado estadual pelo Paraná em 2006, mas acabou retirando seu nome. Interessante a se ressaltar que, na ocasião, declarou à Justiça Eleitoral que seu patrimônio era de pouco mais de R$ 1.5 milhão. Há dois anos, já depois de todo esse episódio com Serraglio, quando disputou o Senado Federal, a cifra declarada pelo “Rei do Porco” foi de mais de R$ 158 milhões.

Wellington

O atual senador da República, Wellington Fagundes (PL), que apoiou todas as eleições e reeleições de Lula e Dilma, ambos do PT, bem como esteve junto com Fernando Haddad (PT), em 2018 – quando o ex-ministro da educação foi derrotado pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) – está tendo sérias dificuldades para cair nas graças do bolsonarismo, em 2022.

Sabedor que a maioria do eleitorado mato-grossense é apoiador de Bolsonaro e precisando se reeleger, em 2022, Fagundes não pensou duas vezes e abandonou a esquerda, responsável por indicar seu atual suplente, o professor Manoel Mota, do PCdoB, e foi um dos principais articuladores para a vinda do presidente para sua sigla.

A estratégia de Fagundes era “amarrar” o presidente para que o mesmo não viesse a lançar nenhum candidato ao Senado Federal efetivamente bolsonarista, sobretudo porque o presidente já tinha sinalizado previamente que queria José Medeiros (PODE), atual deputado federal, para o cargo.

O veterano Wellington já percebeu que existe um muro de conflito ideológico entre ele e o público bolsonarista e confidencia que já se satisfez com a “neutralização” que conseguiu em relação a um possível adversário apoiado pelo presidente. Fagundes acredita que só o fato de ser do partido do presidente acabará por lhe trazer alguns votos mais fieis ao presidente e isso, ao seu ver, lhe basta.

Para-choque

Ciente do cenário, Wellington estabeleceu na vinda de Reinaldo e o poder que lhe delegou a condição para que o mesmo faça a função única de ser seu para-choque, enfrentando as críticas dos bolsonaristas mais ideológicos que não concordam com os passos dados pelo senador, que diz priorizar o presidente, mas, na prática, deixa claro sua autopriorização.

É público e notório, por exemplo, o imenso desgaste que existe entre Bolsonaro e o atual governador, Mauro Mendes (UB), que cansou de atacar o presidente para todo o Brasil ver, ao lado de outros governadores petistas, que juntos se isentaram e colocaram toda a culpa da pandemia nas costas do mandatário nacional, mesmo com os bilhões de reais que chegaram aos estados.

Todavia, Wellington tem trabalhado dia e noite para trazer Bolsonaro para o palanque do atual governador, unicamente para que consiga atingir seu objetivo de sair candidato ao Senado Federal praticamente sem adversário, freando as pretensões do AGRO e de Neri Geller (PP), pré-candidato ao Alto Parlamento.

Reinaldo tem se incumbido de elogiar publicamente Mauro Mendes, na condição de “coordenador de Bolsonaro”, criando o ambiente que Wellington precisa. Da mesma forma, o “Rei do Porco” tem usado a tal “caravana verde e amarelo” para atacar e tentar desgastar Victório Galli (PTB) e José Medeiros (PODEMOS), amigos pessoais do presidente e que já identificaram que a condução de Fagundes não prioriza os interesses de Bolsonaro.

Medeiros, aliás, tem nova reunião com Bolsonaro, nesta semana, para tratar de sua possível ida ao PTB, onde já está Galli. O atual deputado federal não descarta disputar o Senado Federal pelo partido e levará informações atualizadas do panorama estadual para discutir e, talvez, definir seu futuro político em conversa franca com o chefe da República.

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