Delegada Nayára |
CARATINGA – Um ato de monstruosidade. Assim pode ser definida a atitude de um homem de 33 anos, preso na noite de quinta-feira pela Polícia Civil, depois de uma investigação apontando que ele estuprava há alguns anos as três sobrinhas, de 11, 12 e 14 anos, em um distrito da zona rural.
Por ser uma investigação sigilosa, a delegada que está à frente do caso, Nayára Travassos, não autorizou a publicação dos nomes do autor e nem das três meninas.
A delegada Nayára disse que na segunda-feira recebeu uma equipe do conselho tutelar que trouxe a família das meninas, relatando que o homem é irmão do pai das vítimas, e estaria molestando sexualmente as três garotas.
As meninas de 12 e 14 anos contaram que desde que tinham seis anos praticavam relação sexual com o tio e a de 11 começou aos nove.
Segundo a delegada a forma com que o autor agia era a mesma com as três garotas. Ele mora aqui na cidade e duas vezes por mês ia até a casa do irmão, na zona rural, com a esposa. Quando todos da casa já estavam dormindo, ele se levantava e seduzia as meninas para ter relações sexuais com elas. Os pais das garotas nunca desconfiaram de nada.
No começo, as meninas não sabiam o que realmente acontecia e não contavam uma para outra, o que estavam sofrendo. Na escola demonstravam comportamento estranho e a de 11 anos, não aprendeu a ler.
Tudo começou a ser desvendado quando a garota de 12 anos contou para a supervisora escolar o que estava acontecendo, pois não agüentava mais: ela tinha medo que suas irmãs estivessem passando pela mesma coisa, mas não sabia se isto, de fato, acontecia. A diretora entrou em contato com o Cras Volante (Centro de Referência de Assistência Social, criado para atender famílias distantes da unidade física), e com o conselho tutelar.
As vítimas foram encaminhadas ao médico legista que constatou a violência sexual nas três. Segundo a delegada, o médico entrou em contato com a Polícia Civil e disse que nunca tinha visto algo igual.
Na terça-feira a delegada pediu a prisão preventiva do homem, concedida pelo juiz Walter Zwicker
Esbaille Júnior. O homem foi preso na noite de quinta-feira e segundo a delegada Nayára ele chegou sem noção do que estava acontecendo.
A princípio autor ficou nervoso, disse ser alcoólatra e que se tivesse feito alguma coisa, estava fora de si. Depois, no entanto, acabou confessando tudo e disse que ficava mais com a menina de 12 anos. Recentemente o casal se separou e a ex-esposa está sendo procurada pela polícia para prestar declarações.
O autor foi enquadrado no artigo 217 do Código Penal (estupro de vulnerável, manter conjunção carnal ou qualquer outro tipo de ato libidinoso com menor de 14 anos, que é pedofilia), sujeito a pena de reclusão de 8 a 15 anos.
As crianças serão encaminhadas ao Centro de Referência Especializado em Assistência Social para tratamento com psicólogos e assistentes sociais. O inquérito continua em andamento.
Alerta
Segundo a delegada Nayára Travassos em Caratinga a pedofilia é muito comum e explicou que geralmente quem comete este crime, já passou pela mesma experiência na infância; no caso de agora, o homem disse ter sido molestado na infância pelo empregado do pai.
A delegada explica que não só os pais e professores devem estar atentos ao comportamento das crianças e adolescentes, mas todos que estão em volta deles, pois este tipo de crime pode acontecer em qualquer lugar. “Em quatro anos de profissão observo que são pessoas que já sofreram este tipo de situação que cometem este crime. Precisamos interromper esta cadeia para extinguir este crime da sociedade. Acredito no poder judiciário e da na Polícia Civil; não teremos tolerância quanto a este tipo de crime e vamos buscar a condenação deste autor”, disse Nayára Travassos.