O sofrível Pagot Rodrigo Rodrigues


Rodrigo Rodrigues  
A semana retrasada começou com uma grande “novidade” na política, a filiação de Luiz Antonio Pagot, aquele que foi estafeta de Blairo Maggi, no PTB de Chico Galindo, aquele mesmo que é considerado o pior prefeito de todos os tempos de Cuiabá.
Em nível nacional, o PTB é um poço de novidade, tendo como lideranças Fernando Collor de Mello, Benito Gama e Roberto Jefferson.
Pagot quer ser deputado federal e chegou falando grosso, tachando o governo de Silval Barbosa de “sofrível”, descendo o porrete e jogando pra plateia.
Fiquei intrigado para saber qual parte do governo Silval é tão sofrível assim. Seria a parte em que ele fechou mais de 700 leitos hospitalares no Estado? Ou será o fato de alguns secretários terem sido presos, ou seus bens indisponíveis pela Justiça, como no caso dos Maquinários?
Ou é sofrível por ter implantado o pior modelo de gestão pública da história de Mato Grosso, o famigerado núcleo sistêmico? Será o governo Silval a causa dos alarmantes índices de violência, que a partir de 2003 vem batendo recordes atrás de recordes? Foi no governo Silval que perdemos uma década de ensino em Mato Grosso, que só começamos a recuperar agora?
É sofrível por um possível rombo deixado na Sinfra e os asfaltos bancados em partes pelos produtores, que estão virando pó? Já sei, o governo Silval é ruim por ele ter criado uma aberração chamada Agecopa, com sete diretores e centenas de cargos. Ou não foi o Silval que cometeu esse absurdo?
Pode ser sofrível, também, pelo fato de fazer uma verdadeira farra com o dinheiro público, denominado “incentivo fiscal”, ou a pela festa dos precatórios, incluindo os da Andrade Gutierrez. Foi o Silval que mais que triplicou o duodécimo da Assembleia Legislativa e inchou a máquina pública criando milhares de cargos? Além de contratar dezenas de empresas terceirizadas?
Deixando a ironia de lado, todos nós sabemos que a única coisa que avançou no governo do chefe de Pagot foi a arrecadação do Estado, e também os exorbitantes faturamentos do grupo Amaggi.
Temos que admitir que o governo Silval Barbosa vem dando um verdadeiro show no seu antecessor Blairo Maggi. Barbosa pegou um Estado com saúde desmontada, a segurança pública um caos e a qualidade do ensino na lanterna do Brasil. Tendo um caminhão de obras a realizar em um prazo curtíssimo para viabilizar a Copa do Mundo. Como bom cabrito, Silval não berra, ao contrario de Mauro Mendes, que não se faz de rogado em apontar o responsável pela situação lastimável que se encontra Cuiabá.
O governador aguentou tudo quieto, preferiu botar a mão na massa a procurar culpado. Se, não agora, a história irá se encarregar de reconhecer Silval Barbosa como um grande governador, assim como aconteceu com o visionário Dante de Oliveira. Deixará como marca as maiores obras de infraestrutura de Cuiabá, e agora o MT integrado consolidando o interior.
Com o lançamento do hospital regional de Porto Alegre do Norte, o asfalto ligando alguns municípios á BR 158, o asfalto da MT-100, da MT-020 que liga Canarana à Paranatinga, e a MT-322 ligando Matupá a São José do Xingu, coloca o baixo Araguaia de volta no mapa do Estado, deixando de ser o vale dos esquecidos.
Pagot deve sofrer muito por estar algum tempo fora de um cargo público. Volta e meia se insinua para voltar ao staff estadual, hora como secretario de obras, ora como secretario da Secopa. Veja a ironia do destino, eles desembarcaram por aqui batendo no peito e dizendo com muito orgulho que eram da iniciativa privada, que política não era carreira nem profissão, que mudariam tudo e quebrariam paradigmas.
Ficou quase um década em cargo público no Estado e fez disso sua plataforma para se lançar à diretoria do DNIT. Conseguiu, porém não trouxe nada de relevante para Mato Grosso, e saiu pela porta dos fundos.
Sabemos que quebraram muitas coisas, né? Mas o “tal” paradigma ficou intacto. De fato real, mesmo, somente o apego ao cargo público e a certeza que não há vida longe do poder. Mesmo com tamanhos óbices, ele tem todo direito de se filiar a um partido e pleitear um cargo eletivo. Sempre é uma chance para se medir o prestígio do preposto. Na democracia, o poder está disponível a qualquer cidadão, basta ter o tal do voto.