J. ESTADUAL / IMPROBIDADE TJMT afasta José Riva da presidencia da Assembleia


A 3ª Câmara Civil, por unanimidade, considerou que Riva causou dano ao erário público
Mary Juruna
Deputado José Riva, que foi afastado pelo TJ das funções de presidente da Assembleia Legislativa
LAURA NABUCO
DO MIDIAJUR
A 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso decidiu afastar, em sessão na manhã desta terça-feira (7), o deputado estadual José Riva (PSD) da função de presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

Na mesma sessão, o TJ manteve o afastamento do ex-deputado Humberto Bosaipo do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

A decisão é unânime, com base no voto do juiz Sebastião Barbosa Farias, que descartou o argumento da defesa do parlamentar, de que ele não teria causado danos ao erário.

Embora tenha sido afastado do comando do Legislativo, Riva continua exercendo o mandato de deputado estadual.

Ele é acusado de participar de um suposto esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, por meio da emissão de cheques do Legislativo para empresas de fachadas.

Na última sessão da Câmara, no dia 30 de abril, a desembargadora Maria Erotides Kneipp votou pelo afastamento de Riva e Bosaipo das funções públicas.

A conclusão do julgamento, no entanto, foi adiada por um pedido de vista do juiz Sebastião Farias (leia mais AQUI).

No seu voto, a magistrada relatou que, em 2001, o Poder Legislativo emitira 48 cheques à Sereia Publicidade e Eventos Ltda., num montante de R$ 2.650.921,20.

Pelo menos, 26 cheques foram descontados diretamente no caixa, numa agência do do Banco do Brasil e outros 22 na Confiança Factoring, que pertencia ao bicheiro João Aarcanjo, que está preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

Os cheques foram descobertos durante a Operação Arca de Noé, deflagrada em dezembro de 2001 pela Polícia Federal.

Mais recursos

A 3ª Câmara julga nesta terça-feira outros quatro recursos impetrados por Riva e Bosaipo. São uma apelações, dois embargos de declaração e uma exceção de suspeição.

A primeira a ser julgada foi uma apelação sob a relatoria da desembargadora Maria Erotides Kneip, que teve o julgamento iniciado em 16 de abril.

O magistrado é também o relator da segunda apelação.

O deputado e o conselheiro reverter a decisão da própria 3ª Câmara Cível, que determinou a indisponibilidade de bens deles, até o montante de aproximadamente R$ 591 mil.

Já a exceção de suspeição é contra o juiz Luis Aparecido Bortolussi Júnior, da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular.

O magistrado é o responsável algumas das sentenças de primeira instância que condenaram Riva e Bosaipo por ato de improbidade administrativa.

Suposto desvio de dinheiro

Em todos os casos a serem julgados nesta terça-feira, o deputado e o conselheiro são acusados de participarem de um um suposto esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, que funcionaria por meio da emissão de cheques da Assembleia Legislativa para empresas de fachadas.

O dinheiro teria sido usado para custeio de despesas pessoais ou financiamento de campanhas eleitorais.

Um levantamento realizado pelo MPE apontou que as ações civis públicas movidas contra o deputado e o conselheiro visam ao ressarcimento de uma quantia que já ultrapassa R$ 97 milhões.

Recurso

A assessoria jurídica de José Riva informou que o parlamentar acata a decisão do Tribunal de Justiça de afastá-lo da presidência da Assembleia, mas que irá recorrer junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).