Foragida da Justiça catarinense é suspeita de mandar raptar filha biológica em Cuiabá


Em SC, há 3 anos, estrangeira Elida Isabel Feliz levou filho que estava com família provisória


 
Élida Isabel Feliz teria ordenado sequestro da própria filha Ida Verônica Foto: divulgação / Agencia RBS
Foragida da Justiça catarinense por tráfico de drogas, a dominicana Elida Isabel Feliz, 35 anos, está na mira da polícia do Mato Grosso.

Há 10 dias, em Cuiabá, ela é suspeita de mandar sequestrar a própria filha biológica de oito anos da família provisória que ficara com a criança enquanto estava presa.
Ida Verônica Feliz foi levada à força de casa no dia 26 de abril por um homem armado que teve acesso à residência da família que tinha a guarda provisória da menina.

A polícia suspeita que a dominicana e o marido são os mandantes do sequestro. A Interpol (polícia internacional) foi acionada para tentar localizar o casal estrangeiro.
O surpreendente é que a dominicana também é suspeita de fato semelhante em Santa Catarina.

No dia 30 de setembro de 2010, quando saiu da cadeia e estava no regime aberto, Elida fugiu levando outro filho biológico, Pietro Feliz, na época com três anos e que vivia provisoriamente com uma família de Tubarão.
A polícia do Mato Grosso suspeita que a mãe biológica estaria com os dois filhos na Itália. É lá que mora o marido e pai das crianças, o traficante internacional dominicano Pablo Milano Escarfulleri, expulso do Brasil em 2009 após cumprir pena por tráfico de drogas no Mato Grosso.
O casal tinha uma empresa de importação de madeira em Tubarão. Elida e Pablo foram presos em 2006. Ela, num apartamento em Florianópolis com 3 mil comprimidos de ecstasy, crime pelo qual foi condenada a 10 anos de prisão. Ele, no Mato Grosso com cocaína.
Ao ser presa, a estrangeira estava grávida de sete meses. O filho nasceu e com 52 dias de vida foi entregue a gerente administrativa Eliane de Castro, moradora de Tubarão, que teve a guarda provisória.
O garoto ficou até os três anos com a família tubaronense, pois a estrangeira o levou ao sair da prisão em uma das visitas ao filho autorizadas pela Justiça.
Desde então, Elida é considerada foragida da Justiça catarinense porque deixou de cumprir a pena por tráfico de drogas.

De acordo com o site do Tribunal de Justiça, ela ainda responde processo por subtração de incapaz do próprio filho em Tubarão, levado quando estava com a família provisória.
Eliane de Castro, que criou o menino durante três anos e sete meses, nunca mais o viu. A Justiça em Tubarão julgou como improcedente o pedido dela em adotar a criança. Com isso, perdeu a guarda provisória do menino.

Agora, ao ver a notícia da irmã do menino ser sequestrada no Mato Grosso, voltou a se inconformar com o ocorrido há três anos (leia entrevista abaixo).
ENTREVISTA: Eliane de Castro, que criou menino em Tubarão.
Por telefone, de Tubarão, Eliane de Castro conversou com o DC na tarde de domingo. Ela acredita que a foragida esteja fora do Brasil com os filhos biológicos.
Diário Catarinense — De lá para cá não teve mais contato com a criança?
Eliane de Castro —
 Não, mais nada, nunca mais.
DC — O laço se rompeu definitivamente então?
Eliane —
 Se rompeu bruscamente devido a um erro do Judiciário. Achei que foi uma decisão injusta. Porque o Pietro, na cabecinha dele, a família dele era a nossa. No exame psicológico que foi feito para a adoção, o primeiro desenho que ele fez na presença da psicóloga, ele pediu para desenhar um carro e foi colocando as pessoas dentro do carro. Colocou eu dirigindo, todas as minhas quatro filhas, os namorados delas, o avô, a avó. Quando ela (Élida) vinha buscar ele aqui em Tubarão, ele nunca queria ir com ela. Era chorando toda a vida. Eu informava isso ao Judiciário e ao Conselho Tutelar.
DC — Havia então o risco de ela (Élida) pegar a criança?
Eliane —
 Constantemente. Não foi feita avaliação, ela estava morando num hotel.
DC — Acredita que foi o casal que levou a criança agora no Mato Grosso?
Eliane —
 Pela investigação lá foram eles. O delegado disse ser eles.
DC — Chegou a ser ouvida pela polícia do Mato Grosso?
Eliane —
 Sim, eles me ligaram já no mesmo dia. para colaborar com informação.
DC — Como está vendo o caso?
Eliane —
 Imagina, renasceu a minha história aqui. Nunca esqueci, nunca passei uma noite sequer sem derramar uma lágrima de saudade do meu filho. Penso nele diariamente. Penso que vai voltar todo o dia. O telefone, se toca à noite, eu acho que é alguém da polícia dizendo que encontraram eles. E agora com essa situação no Mato Grosso renasceu a vontade, a esperança. De repente ele está no Brasil e consigo revê-lo.
DC — Acredita que estejam no Brasil?
Eliane —
 Sinceramente acho que não estão. Acho que mandaram terceiros vir buscar a criança aqui (Mato Grosso).

 
Fonte: Diário Catarinense