CONTRA-ATAQUE Riva acusa inimigos políticos e reclama do Judicário


Deputado afirmou que teve seu direito de defesa cerceado pela Justiça de Mato Grosso

RepórterMT
José Riva garante que nunca desviou dinheiro da ALJosé Riva garante que nunca desviou dinheiro da AL
ANA ADÉLIA JÁCOMO


Após o presidente da Assembleia Legislativa José Riva (PSD) perder e função pública e ser proibido pelo Tribunal de Justiça de responder como líder da Casa, ele afirmou nesta terça-feira (7) que não teve o direito de defesa respeitado pelo Judiciário. Riva ainda acusou um político do Estado a se esforçar para prejudicá-lo.

Sem citar nomes, o social-democrata garantiu que houve uma reunião com um determinado desembargador. O objetivo seria afastar Riva da Assembleia. “Há influências externas nessa decisão da Justiça. Imaginem um cidadão que fica 1:30h na sala de um desembargador pedindo a minha ‘cabeça’. Há uma forte perseguição contra mim”, disse Riva.

O presidente afastado é acusado de improbidade administrativa por emissão de cheques do Legislativo à empresas de fachadas, em um suposto esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. O deputado terá que devolver mais de R$ 2,6 milhões dos cofres públicos.

O juiz Sebastião Farias pediu vistas dos autos do processo na semana passada e descartou o argumento da defesa do parlamentar de que não foi causado danos ao erário. Por conta disso, Riva reclamou que teve seu direito de defesa cerceado e que, pela falta de oportunidade de se defender, há possibilidades de o processo ser anulado.

“O Ministério Público é autor e patrono da ação. As provas foram produzidas por eles. No entanto, não me dão oportunidade de nada. Essa decisão está equivocada, posto que a Assembleia não assina cheques há muito tempo. Tudo é feito de forma eletrônica. É grave essa recusa em apreciar minha defesa. Abre possibilidades de nulidade”. Fora essa ação, Riva tem seu nome vinculado a mais de 100 processos por improbidade.

Mesmo com os graves problemas judiciais, o social-democrata afirmou que não teme uma nova varredura em suas contas . Ele relembrou o fato de que em 2002 a Justiça desencadeou a Operação Arca de Noé, que incorreu em uma profunda investigação da Receita Federal em suas contas.

“Se todo mundo fosse igual a mim, o Brasil estava feito. Eu e minha família somos vigiados o tempo todo. Não há nenhum bem que seja nosso e que não esteja no nosso nome. Não tenho nada para esconder”, finalizou.

Em sua defesa, Riva apresentou uma consulta feita ao ex-minsitro do Supremo Tribunal Federal, Ilmar Galvão, sobre os processos 188/2008 e 206/2008, onde o ex-ministro aponta grave cerceamento de defesa em ambos casos. Em trechos de seus apontamentos, Galvão indaga que “a prova testemunhal que o Consulente pretendia produzir era pertinente e relevante? A pertinência é cristalina, visto que buscava esclarecer a questão tida como capital pelo magistrado. Por outro lado, mostrava-se ela relevante, já que, caso restasse comprovada a regularidade das contratações das referidas empresas ou ficasse evidenciado o verdadeiro responsável pela contratação irregular, os casos teriam outro desfecho, favorável ao Consulente”, analisa.
 

O ex-ministro afirma ainda que “o julgamento antecipado da lide impossibilitou, portanto, a comprovação dos fatos que o magistrado concluiu não terem sido provados pelo réu, o que caracteriza patente violação ao princípio do devido processo legal”.