Câmara suspeita de direcionamento em licitação e vê "velhas práticas" de Mauro

maio 28, 2013  ,  


Gilson Nasser
Da Redação
A Câmara de Vereadores de Cuiabá decidiu na manhã de hoje realizar um "pente fino" no pregão presencial 011/2013 no valor de cerca de R$ 8,5 milhões realizado pelo prefeito Mauro Mendes (PSB) para o aluguel de máquinas pesadas para a atual gestão. No certame, a empresa Trimec Construções e Terraplanagem Ltda venceu sete lotes com previsão de faturar num ano R$ 3,674 milhões.
Um fato intrigante que chamou a atenção é que o dono da Trimec é o empresário Wanderley Fachetti Torres. Ele é sócio em empreendimentos minerais do empresário Valdinei Mauro de Souza, que vem a ser sócio do prefeito e foi o maior doador individual na campanha do ano passado com R$ 1,240 milhão repassados.
De acordo com o vereador Toninho de Souza (PSD), a prefeitura de Cuiabá possui maquinários novos, uma vez que em 2011, foram adquiridos 63 equipamentos "zero quilômetro" pela prefeitura. A aquisição foi declarada como um dos principais "trunfos" pelo ex-prefeito Chico Galindo (PTB). "Uma das principais justificativas do ex-prefeito para a venda da Sanecap era investir R$ 14 milhões na aquisição de maquinários", recordou.
Além disso, Toninho de Souza questionou sobre a utilidade destes maquinários. Ele disse que não vislumbra nenhuma obra na cidade para justificar a utilização de tamanho volume de máquinas, além das 63 adquiridas com recursos próprios da prefeitura. "O que está se construindo em Cuiabá para justificar a locação destes maquinários. Não vejo nenhuma obra nesta gestão Mauro Mendes", completou.
O parlamentar ainda levantou suspeitas sobre a empresa que venceu o maior volume das licitações, a Trimec Engenharia e Construção, insinuando privilégios durante a licitação. "Pode até não ser legal, mas é no mínimo imoral", assinalou.
Jornalista e vereador por dois mandatos em Cuiabá, Toninho de Souza recordou as campanhas em que o prefeito Mauro Mendes participou, desde 2008, quando ele concorreu a prefeitura contra o ex-prefeito Wilson Santos (PSDB), sendo derrotado no segundo turno. "Ele surgiu com discurso de que era o novo e condenava as velhas práticas na política", lembrou.
Nas eleições de 2010, quando disputou o Governo do Estado contra o governador Silval Barbosa, o atual prefeito de Cuiabá repetiu o discurso utilizado na eleição anterior. "O mesmo discurso de moralizar a política em Mato Grosso", continuou.
Já nas eleições de 2012, o socialista recuou totalmente do discurso ao receber o apoio do ex-prefeito Chico Galindo. "Ele tentou esconder, mas ficou desmoralizado quando o próprio Galindo confirmou a união", frisou.
Para Toninho de Souza, agora ao assumir a prefeitura, o prefeito não tem demonstrado ser um político diferenciado na administração pública. "Ele está fazendo o que sempre condenou. Nós já visualizamos nele as velhas práticas políticas", criticou.
Mesmo sendo da base de sustentação do prefeito, o vereador Oséas Machado (PSC) cobrou a investigação desta locação. "Quero crer que é legal e está sendo feita para atender a população. Mas a prefeitura tem que explicar até mesmo para que estes acontecimentos não fiquem obscuros", assinalou.
Repercussão
A cobrança de Toninho na tribuna da Câmara repercutiu na base do prefeito Mauro Mendes. Os vereadores Mário Nadaf (PV) e Chico 2000 (PR) alegaram que as máquinas adquiridas na gestão anterior não são suficientes para atender a demanda de serviços na Secretaria Municipal de Obras Públicas. "Temos 1,4 mil quilômetros de asfalto e mais de 80% tem 30 anos ou mais. Os buracos são abertos com uma simples garoa em praticamente todas as ruas da cidade. Veja esse empréstimo de máquinas com muita presteza e vontade de trabalhar do prefeito", alegou Nadaf.
Já o vereador Chico 2000, que já foi secretário municipal de Obras, defendeu o aluguel das máquinas. "A Secretaria de Obras tem mão de obra suficiente para executar os serviços, dispensando assim a contratação de empreiteira, gerando economia. Os maquinários adquiridos na gestão anterior estão sendo utilizados, mas não são suficientes para atender todos os bairros", disse Chico 2000.