ANTERO PAES DE BARROS PR de MT pode expulsar Blairo Maggi

As declarações do senador Blairo Maggi ao jornal ‘O Globo’ da última quinta feira reafirmando não ser candidato a governador e vendo com absoluta naturalidade a candidatura de Pagot ao cargo pelo PTB abrem uma crise no PR de Mato Grosso, partido do senador por vários motivos: 

- O PR quer Blairo candidato, pois sabe que com ele tem mais chances de retornar ao comando do Paiaguás e também que sua candidatura não enfrentaria objeções, nem no PMDB, nem no PT, partido da presidenta Dilma. 

- Na hipótese do senador insistir com a não candidatura, o partido já ensaiou seu plano B, que poderia ser a de alçar o deputado Wellington Fagundes, com sete eleições consecutivas à Câmara dos Deputados, para disputar o governo, ou, no mínimo, o Senado. Wellington está disposto a isso e vinha costurando a sua candidatura internamente juntamente com o secretário-geral da agremiação, deputado Emanuel Pinheiro. 

- As declarações de Blairo ao jornal O Globo deixam claro que o preferido do senador continua sendo Luiz Antonio Pagot, a quem chamou de “injustiçado e bom candidato ao governo”. 

- Pagot pode não reafirmar as suas declarações contra o deputado federal Wellington, mas no auge da fritura de Pagot pelo governo federal, quando ele foi enxotado do cargo dada a necessidade de uma faxina ética no Dnit, como declarou à imprensa a presidenta Dilma, o ex-chefe do Dnit atribuiu ao grupo de Waldemar Costa Neto, um dos condenados do Mensalão, a articulação para a sua derrubada. Pagot considera o deputado Wellington capitão do bando de Valdemar Costa Neto em Brasília. 

- O que Pagot disse sobre Wellington e foi publicado, mas principalmente o que disse em rodinhas e conversas de botequim, demonstram claramente que o ex-trator de Blairo considera o deputado mais votado de Mato Grosso um gângster na política. 

- O senador Blairo fez consulta ao TSE para ver se encontrava brechas jurídicas para deixar o PR. Blairo está desconfortável no partido. Só não vai deixar o PR, pois o partido já confirmou que pede na justiça o seu mandato de senador, ainda que ele seja acompanhado no gesto pelos dois suplentes. 

- Blairo só não ficou aliviado com a criação do MD, partido de Roberto Freire, por saber que não seria assimilado pelo ex-líder do partido comunista que se sentiu traído, quando Blairo desfiliou-se do PPS e provavelmente não tem interesse em lhe oferecer abrigo neste momento. 

- O PR nacional que vetou Blairo para o Ministério da Dilma e ameaçou com pedido de expulsão da legenda na hipótese de deixar o partido poderá ser acompanhado pelo PR de Mato Grosso, pois se o senador oficializar o apoio a Pagot como admitira no jornal O Globo poderá ser enquadrado pelo PR local, que ainda sonha com a possibilidade de oferecer o nome do deputado Wellington Fagundes para uma disputa majoritária em 2014. 

- Por enquanto o PR não fará isso, pois alimenta a esperança de convencer o senador a disputar o cargo, mas ausentando-se da disputa como diz que fará, o partido exigirá o apoio à legenda, ou então vai enquadrar o senador na lei de fidelidade partidária do mesmo jeito. Nesta hipótese, o PR de Mato Grosso ganharia os aplausos do PR nacional, principalmente do deputado Valdemar da Costa Neto, que mesmo condenado no processo do Mensalão continua sendo dono do maior latifúndio do partido. 

- Para a opinião pública, Blairo é visto como amigo de Pagot e até que seria natural o seu apoio, não fosse a debilidade ética da candidatura do ex-diretor do Dnit. Na entrevista ao Globo, Blairo disse que Pagot responde a mais de 60 processos no TCU e até agora não foi condenado em nenhum. A recente história de Mato Grosso mostra que o deputado Riva respondia a 128 processos (ou seria mais?) e só agora foi condenado em dois. 

Do mesmo jeito que ser atacado por Valdemar da Costa Neto, ou vetado pelo seu grupo fortalece a imagem do senador Blairo, manifestar apoio a Pagot enfraquece essa mesma imagem. Mesmo sem ter sido condenado, Pagot deve, sim, explicações à nação e a Mato Grosso. 

Diante desse quadro fica a dúvida se o PR de Mato Grosso terá a coragem de pedir o mandato do senador, caso Blairo insista em apoiar Pagot, mas fica também a certeza de que o ex-trator de tudo continua sendo um problemão na vida de Blairo. 

Agora que ele resolveu fazer política, então... 

Relevante: quando encerrava o artigo, recebi a informação da assessoria do senador Blairo Maggi de que o senador falou, sim, em Pagot, mas fez também menções a outros nomes. Citou inclusive o nome do senador Pedro Taques como sendo uma ótima opção para Mato Grosso. 

A menção ao Pagot pode ter sido então apenas homenagem à velha amizade. Tomara que seja isso. É melhor para a biografia do senador, que se quiser concorrer divide com Pedro Taques o favoritismo na disputa. 



*ANTERO PAES DE BARROS é radialista, jornalista, advogado, ex-vereador, deputado constituinte e senador da República. Escreve aos domingos no Diário e diariamente no blogdoantero.com.br