Uma das figuras mais populares e admiradas da cidade está sob suspeita
Edinara Kley FLORIANÓPOLIS |
Divulgação/Alesc
Duduco é conhecido pelo trabalho comunitário
Graças ao trabalho social iniciado na década de 1970, Nilson Nelson Machado, o Duduco, de 52 anos, conquistou a simpatia dos moradores da comunidade carente do morro onde cresceu e mora até hoje, no Centro da Capital. Nos últimos dias, no entanto, a figura paternal e carismática de benfeitor de Duduco virou uma grande incógnita com as denúncias de maus-tratos e abuso sexual contra menores. O processo está na 4ª Promotoria Criminal de Florianópolis, baseado em inquérito policial que transcorre há quatro anos na 6ª Delegacia de Polícia da Capital.
O trabalho comunitário ascendeu e o menino pobre, nascido em Florianópolis no dia 17 de janeiro de 1961 que começou a trabalhar aos 12 anos, logo se tornaria uma das figuras mais populares e admiradas da cidade. Em 1978, fundou a Creche do Duduco, entidade filantrópica mantida até hoje na rua José Boiteux. Os primeiros filhos adotivos viriam logo em seguida.
A popularidade de suas obras sociais e o carisma com a população lhe rendeu, em 1997, uma cadeira na Câmara de Vereadores da Capital. Na segunda disputa, em 2000, consagrou-se o vereador mais votado, com 6.972 votos. Da Câmara à Assembleia Legislativa foi um passo e em 2003 Duduco assumia sua vaga como deputado estadual.
O trabalho comunitário ascendeu e o menino pobre, nascido em Florianópolis no dia 17 de janeiro de 1961 que começou a trabalhar aos 12 anos, logo se tornaria uma das figuras mais populares e admiradas da cidade. Em 1978, fundou a Creche do Duduco, entidade filantrópica mantida até hoje na rua José Boiteux. Os primeiros filhos adotivos viriam logo em seguida.
A popularidade de suas obras sociais e o carisma com a população lhe rendeu, em 1997, uma cadeira na Câmara de Vereadores da Capital. Na segunda disputa, em 2000, consagrou-se o vereador mais votado, com 6.972 votos. Da Câmara à Assembleia Legislativa foi um passo e em 2003 Duduco assumia sua vaga como deputado estadual.
Além de obras sociais, a trajetória de Duduco foi marcada por suas sempre destacadas aparições nos carnavais da Capital. Suas alegorias luxuosas lhe renderam vários prêmios nos tradicionais bailes municipais da década de 1990. Em 2001, o então vereador chegou a desfilar em todas as escolas de samba de Florianópolis. No mesmo ano, segundo a imprensa da época, consolidou uma parceria com a Mangueira, escola de samba da amiga Zica da Mangueira, viúva do sambista Cartola. Em uma visita ao Rio de Janeiro, foi homenageado com a medalha Cartola, ao lado das cantoras Beth Carvalho e Alcione, como divulgador da verde e rosa em Santa Catarina.
Funcionário público da Saúde
Desde 1981, Nilson Nelson Machado é funcionário concursado da Secretaria de Estado da Saúde, para o cargo de auxiliar de serviços hospitalares e assistenciais no Hospital Celso Ramos. Mas consta hoje como funcionário cedido à Assembleia Legislativa do Estado até 2014. Embora esteja registrado no Portal da Transparência como assessor parlamentar no gabinete do deputado Sílvio Dreveck (PP), o departamento de Recursos Humanos da instituição parlamentar assegura que ele já foi devolvido à secretaria não tendo mais nenhum vínculo com a casa. O processo de devolução, no entanto, ainda não teria sido efetivado pelo setor administrativo do governo do Estado. A remuneração do cargo é de cerca de R$ 1.700 pagos pela Secretaria de Saúde.
Duduco é assunto proibido
Enfileirados na varanda do segundo andar uma série de meninos vestidos modestamente com calção de banho espiam a rua. São os filhos do Duduco, como é conhecido o ex-deputado estadual Nilson Nelson Machado, que chama a própria casa, fixada no alto da José Boiteux, de “Lar do Tio Duduco”, desde que começou a adotar crianças em 1978, com aval da justiça – conforme seu depoimento, omisso sobre o número de adoções nos últimos 35 anos.
Na entrada da residência laranja, com alto portão de ferro, um menino próximo da maioridade, autointitulado responsável pelo lar na ausência do Duduco, grita para que os menores entrem. Todos correm para dentro. A meninada que espia próximo à porta, que estava disposta a falar, é levada por outros menores para o andar superior. Os menores descem novamente e trancam o portão. O líder do grupo avisa: “aqui ninguém fala nada”.
Mesmo com o monitoramento, é perceptível o grande número de crianças e adolescentes instalados ali. O que favorece um questionamento: Como Duduco sustenta seus filhos com salário de R$ 1.700, conforme está registrado na Secretaria do Estado da Saúde via Portal da Transparência?
No prédio ao lado, também pintado de laranja e cercado por bonecos de gesso, um homem de camisa rosa e gravata azul, faz sentinela em frente à Creche do Duduco, recusa-se a dizer seu nome, mas se posiciona como funcionário do corpo diretivo e repete a atitude explosiva dos meninos: aos gritos, manda as mães dos alunos entrarem na instituição e bate a porta. A senhora sentada no meio-fio da rua também é alertada: “Tu cala tua boca”.
Em nenhum momento, o funcionário se dispôs a conversar com a reportagem ou explicar sobre o trabalho social que a Creche do Duduco executa com financiamento da Prefeitura de Florianópolis, que agora está analisando o relatório de repasse de verbas para a creche.
Convênio é reavaliado
A Creche do Duduco mantém convênio com a prefeitura de Florianópolis, que para 2013 prevê o repasse de R$ 140 mil. Mas no último dia 24 de abril, a Secretaria Municipal de Educação verificou que as cláusulas do convênio não estão sendo cumpridas pela entidade. Este ano, a Creche do Duduco vai receber 10 parcelas de pouco mais de R$ 14 mil para atender 80 crianças de quatro meses a seis anos.
Publicado em 04/05-16:28 por: Paulo Jorge Pereira Cassapo Dias Marques.
Atualizado em 04/05-22:46
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