Projeto BH Turismo – Infância Protegida visa capacitar agentes do setor turístico para o enfrentamento à violência sexual
Taxistas podem fazer parte da rede de exploração sexual, mesmo que não intencionalmente
Apesar da importância do segmento, ações com profissionais dos transportes ainda não avançaram na cidade
Belo Horizonte conta hoje com uma frota de cerca de 6 mil táxis e 10.800 taxistas, entre auxiliares e permissionários – os donos dos carros -, segundo dados da BHTrans. A chegada da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014, vai movimentar esse setor. O impacto, entretanto, pode não ser apenas positivo, como o aumento do número das corridas.
“Por os táxis serem um meio de transporte discreto e, assim, de acesso fácil para locais de diversão adulta, os taxistas terão contato com vários públicos e várias situações de exploração e violência”, afirma a coordenadora do Fórum de Enfrentamento à Violência de Crianças e Adolescentes de Minas Gerais (Fevcamg), Denise Avelino.
O setor de transportes, que inclui taxistas e motoristas de ônibus e caminhões, é um dos focos do projeto BH Turismo – Infância Protegida, que pretende, por meio da realização de oficinas e o desenvolvimento de materiais/guias de boas práticas, sensibilizar agentes do setor turístico para atuação no enfrentamento às situações de violência sexual contra crianças e adolescentes.
O projeto, lançado em dezembro de 2012, está sendo realizado pela Associação Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte (Amas), em parceria com a prefeitura da cidade e o Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo, por meio de tecnologia social produzida pela organização não-governamental Childhood Brasil. O BH Turismo – Infância Protegida faz parte das ações previstas no PAIR Copa 2014 – Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes específico para as Copas.
Turismo e Exploração Sexual
Belo Horizonte deve receber 182 mil turistas estrangeiros e 380 mil brasileiros durante a Copa do Mundo de 2014, de acordo com estimativas do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo. “É fulcral a sensibilização e, para além, a preparação e educação do taxista com relação ao enfrentamento à violência Sexual”, afirma Denise Avelino.
De acordo com Beth Campos, membro da coordenação do PAIR BH, os taxistas podem atuar como canal para que crianças e adolescentes sejam explorados. Dessa forma, mesmo que não intencionalmente, esses profissionais podem estar fazendo parte da cadeia de exploração sexual. “Se o taxista tiver passado por uma capacitação, ele vai entender a situação e pode contribuir com a rede protetiva”, avalia. O setor dos transportes, entretanto, é um dos segmentos em que o BH Turismo menos avançou até o momento. “Ainda não achamos a porta de entrada”, afirma Beth.
Para sensibilizar e capacitar esse ator, Denise Avelino afirma que é importante uma formação para que os taxistas saibam detectar e denunciar situações de violência sexual e para que reflitam sobre cultura da violência sexual.
A Childhood Brasil aponta que esses profissionais devem ser alertados sobre os locais mais vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes e serem estimulados a agir como agentes de proteção, inclusive se recusando a levar turistas a estes locais.
BH Turismo – Infância Protegida
O projeto incluiu o mapeamento da rede de proteção local de Belo Horizonte, a realização de oficinas e o desenvolvimento de materiais/guias de boas práticas para diferentes setores do turismo. Os materiais trazem informações e orientações para atuar de maneira a proteger crianças e adolescentes da violência e exploração sexual.
“O Brasil é conhecido mundialmente como um país onde existe a exploração sexual de crianças e adolescentes”, afirma Beth Campos, “é preciso provocar o trade turístico a assumir uma postura proativa, na afirmação dos valores da sustentabilidade e na prevenção à exploração sexual de crianças e adolescentes no território brasileiro”.
Denise Avelino avalia que ainda falta ao projeto um maior investimento na comunicação das ações e maior interação com os outros setores da política de proteção da criança e do adolescente.
INFORMAÇÕES
Oficina de Imagens – Comunicação e Educação
Thais Marinho / Filipe Motta
(31) 3465-6801 / (31) 9805-0203
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