Suspeito de mandar matar filho por causa de prêmio da loteria assume cargo na gestão de Mauro Mendes


Considerado homem de confiança do prefeito Mauro Mendes (PSB), o novo secretário Municipal de Planejamento e Coordenação, Francisco Serafim de Barros, ex-diretor nacional do Banco da Amazônia (Basa) e ex-superintendente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), é suspeito de ter mandado matar o próprio filho, Fábio Cezar Barros Leão, em 2010, por causa de um prêmio milionário da Mega Sena, principal loteria do Brasil. Ainda em tramitação no Poder Judiciário, o caso protagonizado por Serafim de Barros possui ingredientes para superar em maldade até mesmo os ‘causos’ criados pelo imortal Nelson Rodrigues, um dos ícones das tramas cafajestes na literatura brasileira.


Ao anunciar o secretariado, Mendes omitiu o nome de Serafim, adotando um procedimento contrário ao que fez com os demais, deixando que as especulações – sobre sua participação ou não no staff – reverberassem nos veículos de comunicação. A verdadeira confirmação ocorreu somente na noite desta terça-feira (01), no Centro de Eventos do Pantanal, durante a posse do prefeito com os secretários.

Na Secretaria de Planejamento, Sefarim coordena os gastos da Prefeitura de Cuiabá. Na municipalidade, a gestão é compartilhada, semelhante à que é executada pelo governo de Mato Grosso: a Secretaria Municipal de Fazenda é responsável pela arrecadação, enquanto a Seplan é quem autoriza os gastos. Desta forma, Serafim Barros detém a ‘chave do cofre’ da administração Mauro Mendes.
Na posse dos secretários, Mauro Mendes não tocou no assunto e se apressou em encerrar a entrevista, quando o tema começou vir à baila. Na tarde desta quarta-feira (02), a reportagem do Hiper Noticias manteve vários contatos com a assessoria de Prefeitura de Cuiabá, solicitando uma entrevista com Francisco Serafim, mas não obteve êxito.
O caso teve repercussão nacional, principalmente por sua exposição na mídia, inclusive em programas dominicais, como o Fantástico (Globo). Na época, em entrevista à Globo, o atual secretário de Planejamento negou tudo.
“Eu jamais na minha vida poderia planejar ou arquitetar a morte de um ser humano, muito menos do nosso filho”, defendeu-se Francisco Serafim, à época.

ENTENDA O CASO
A desavença entre pai e filho teria começado em julho de 2006. Na época, Francisco Serafim era diretor do Banco da Amazônia (Basa), em Belém (PA), e Fábio Cezar ganhou o prêmio de R$ 28.244.624,32 – na Mega Sena. Considerado expertise em gestão financeira, Serafim depositou o prêmio em sua conta, autorizado por Fábio Cezar Barros.
Há pouco mais de dois anos, em maio de 2010, Francisco Serafim de Barros foi preso, acusado de planejar a morte de um de seus filhos, Fábio Cézar Barros Leão, então com 40 anos, por causa de um prêmio de R$ 28,8 milhões da Mega Sena que ele ganhou há quatro anos. O empresário Fabiano Barros Leão, irmão da vítima, na época também foi preso, suspeito de auxiliar o pai.
A denúncia de que pai e filho teriam encomendado a morte do premiado foi feita por pistoleiros, supostamente contratados para executar o crime. Ambos passaram cinco dias em prisão temporária.
As investigações começaram depois que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Mato Grosso do Sul apreendeu um carro com dois homens armados que seguiam para Campo Grande (MS). Eles tinham o endereço da namorada de Fábio Barros Leão e fotos do casal. Os detidos eram de Rio Verde, em Goiás, onde o suspeito possuía investimentos.
O advogado Ricardo Monteiro, responsável pela defesa de Fabio Cezar Barros, conseguiu um acordo parcial, no segundo semestre de 2010, para que o cliente recebesse parte do dinheiro. O montante nunca foi revelado, porque Monteiro e Cezar Barros Leão teriam firmado um acordo de sigilo. O processo criminal, porém, prossegue em Campo Grande e, também, na Comarca de Jaciara.
Fonte: HiperNoticias