Silval Barbosa (PMDB) não é bom para a democrácia:Daltro detém mais poder da caneta com acúmulo de cargos


Glaucia Colognesi

Foto: Widson Maradona
Foto: Widson Maradona -- Vice-governador do Estado, Chico Daltro
Vice-governador do Estado, Chico Daltro
   O vice-governador de Mato Grosso Chico Daltro (PSD) acumulou bastante poder e influência nos dois primeiros anos de mandato. Prova disso é que antes de disputar as eleições de 2010, ao lado de Silval Barbosa (PMDB), quase não se ouvia falar no social-democrata que apenas geria a secretaria de Ciências e Tecnologia e hoje já é considerado como a segunda maior liderança política do Estado.
   Ele acumula dois orçamentos, tem sob sua cota 300 cargos de livre nomeação e exoneração, e tem forte influência sobre autarquias como a Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager), o Centro de Processamento de Dados de Mato Grosso (Cepromat) e o MT Fomento. Com o crescimento vertiginoso na carreira política, Chico Daltro começou a assumir grandes responsabilidades como liderar a reforma do secretariado ocorrido no final de 2012 e início de 2013. Outra tarefa importante para a qual foi designado foi de coordenar a licitação de todas as linhas do transporte intermunicipal e acabar com a queda-de-braço entre a Assembleia e a ex-presidente da Ager, Márcia Vandoni.
   As desavenças entre o Legislativo e a Agência sempre existiram em decorrência dos ajustes da tarifa de ônibus, porém, se acirraram com a licitação do transporte. Vandoni teve a cabeça exigida pelos parlamentares por diversas vezes em meio às denúncias de incentivo ao monopólio e divergências nos valores de outorga. Para se ter uma ideia da grandiosidade do projeto, Mato Grosso passou a ser o segundo Estado do país a regularizar o setor. O primeiro foi o Ceará.
   Neste ano, Chico Daltro ganhou ainda mais prestígio. Passou a controlar orçamento de R$ 281,6 milhões, pois além de administrar os R$ 111,8 milhões da vice-governadoria, ele assumiu mais R$ 169,8 milhões da secretaria de Cidades. Mal foi nomeado para a pasta que cuida dos programas de Habitação e já exonerou todos os cargos de 2º e 3º escalão para nomear os seus.
   Saíram da Cidades os adjuntos Raulmar Rodrigues (Habitação), Rita de Cássia (Planejamento Urbano e Gestão Metropolitana) e os superintendentes Valdize Dias (Projetos Especiais), Rodiney Alves (Projetos Habitacionais), José de Campos (Fiscalização de Obras) e Janã Pinheiro (Gestão Metropolitana).
   Entraram na pasta como adjuntos Márcia Vandoni (Projetos Especiais) e Orozimbo José Alves (Habitação) e os quatro superintendentes Marcelo Gonçalves (Gestão Metropolitana), Abdala Mansur Sobrinho (Projetos Especiais), Aislan Sebastião Galvão (Projetos Habitacionais) e Celso Ubirajara de Arruda (Fiscalização). Também passaram a integrar a equipe dois coordenadores Viviane Cristina (Gestão Metropolitana) e José Ferreira (Gestão de Obras Habitacionais).
   Daltro, que gostava de aproveitar as ausências do governador para convocar entrevistas coletivas, anda avesso à imprensa desde que seu ex-assessor especial Rowles Magalhães denunciou uma suposta propina de R$ 80 milhões para "agilizar" a licitação do VLT. Por isso, a reportagem não conseguiu contatá-lo para comentar sua atuação no Governo. 
   Silval, que ocupou o posto de vice-governador no último mandato de Blairo Maggi (PR) à frente do Paiaguás, teve uma atuação mais discreta. Em entrevista exclusiva ao RDNews, o governador afirmou que o papel cumprido por Daltro no Governo Estadual reflete seu perfil. "Eu fui convidado para ocupar a secretária da Educação, mas não aceitei. Preferi coordenar os núcleos sistêmicos e ajudar o Blairo em todas as frentes em que fosse necessário. O Chico Daltro tem outro perfil. Gosta de enfrentar desafios, como a licitação do transporte intermunicipal e a secretaria de Cidades. Ele está sendo fundamental para o sucesso da gestão", concluiu.
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