Gabriela Galvão
Acontece que a proposta apresentada pela secretaria estadual de Turismo, Teté Bezerra (PMDB), prevê a restrição de número de visitantes, do banho nas cachoeiras, das trilhas a serem percorridas no complexo e do trânsito de veículos, por exemplo. Mauro, por sua vez, destacou que está na origem daquele local ser um centro de lazer popular e que transformá-lo num lugar com biblioteca, centro de pesquisa e apenas para foto, é um erro.
“É um erro fazer uma obra sem identidade, sem conceito. Em dois anos ela estará obsoleta. Ao longo dos anos foram implantadas diversas mudanças que não tinham nenhuma relação com a identidade do local e a cultura do povo cuiabano, por isso muitas delas se mostraram fracassadas”, pontuou durante a reunião, realizada no Tribunal de Justiça.
Rubens de Oliveira referendou a posição do prefeito e ressaltou que tirar um local de lazer da população, sem ao menos informá-la, é muito radical. “Parece que somos os donos da verdade. O processo está desajustado com o Termo de Ajustamento de Conduta, o conceito foi mudado e eu estou irritado. Isso tem que ser discutido e não me agrada. Não posso discutir tecnicamente, mas é preciso ter informação”.
Ainda na opinião do presidente, o que a população quer é tomar banho de cachoeira e fazer churrasco, não apenas visitar o local para tirar fotografia, ou pesquisar. “É a mesma coisa que dizer para os cariocas que eles não podem mais ir à praia, pois tem muito lixo. Nós precisamos dar uma alternativa”.
Com o ânimo acirrado, Teté garantiu que a proposta foi amplamente discutida entre várias autoridades presentes na reunião e discordou de tudo que foi dito por Mauro e Rubens. O prefeito de Chapada dos Guimarães, José Neves (PSDB), também foi contrário à ideia de “falta de conceito”.
O promotor de Justiça Domingos Sávio não entrou neste mérito, mas criticou veementemente a Prefeitura de Cuiabá, em relação às obras da Copa do Mundo. “A prefeitura assiste o Estado fazer o que quer. Está sendo omissa e obras de mobilidade urbana são responsabilidade de Cuiabá”. O prefeito, no entanto, garantiu que assim que assumiu o Palácio Alencastro determinou que uma equipe elaborasse projetos referentes ao Mundial e que os mesmos serão apresentados dentro de um mês, embora não tenha especificado.
A reunião para discutir a situação da Salgadeira, que acabou sendo encerrada sem um consenso, contou ainda com a presença dos secretários de Meio Ambiente José Lacerda (Estado), Antonio Carlos Maximo (Cuiabá), e Sônia Bezerra dos Anjos (Chapada dos Guimarães), bem como representantes da secretaria extraordinária da Copa, do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça. Mesmo sem uma definição concreta, com a entrega do projeto em fevereiro, a reabertura do complexo esta prevista para dezembro deste ano.