Randolfe Rodrigues rebate críticas de Dirceu e diz que é candidato


O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse, nesta quinta-feira, em resposta às críticas que sofreu por lançar sua candidatura independente à Presidência do Senado, que os tucanos e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu fazem política de forma semelhante, mesmo estando em campos políticos opostos. Líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR) afirmou recentemente que a candidatura de Randolfe é “isolada” e que não deverá ter o apoio dos tucanos, que tendem a votar no senador do PDT Pedro Taques (MT) para o lugar do senador José Sarney (PMDB-AP). Em texto publicado na véspera, em seu blog, Dirceu afirma que o nome do PSOL tem como “único objetivo desorganizar a base de apoio do governo e a maioria parlamentar construída no Senado”.

“Ambos, PSDB e Dirceu, são cada vez mais parecidos na forma de atuar”, criticou Randolfe.
Para o senador do PSOL, sua candidatura consegue expor o acordo feito na CPMI do Cachoeira pelos tucanos com o líder do PMDB para derrotar o relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG) e livrar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de qualquer proposta de indiciamento. A fatura política, na opinião dele, viria agora com a eleição no dia 1º de fevereiro de Renan Calheiros para o comando do Senado.
– Está claro que estava em curso um acordo entre o PT e o PSDB, fazendo dois extremos se unirem. A nossa candidatura já causou uma vítima, os grandes partidos – afirmou.
Randolfe Rodrigues disse ainda que o líder dos tucanos jamais participou das discussões sobre a candidatura dos senadores independentes. Ele acredita que essas desavenças servem apenas como uma tentativa de criar um “clima de desarticulação” de um nome de oposição a Renan Calheiros. O senador do PSOL destacou que caminhará junto dos senadores Pedro Taques, Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS), podendo abrir mão da sua candidatura se for acordado pelo grupo. Ele considera Pedro Simon o nome “mais qualificado” a ser lançado, embora o peemedebista não tenha mostrado disposição em concorrer ao cargo.
Críticas ao PSOL
Após vários protestos no Senado à candidatura do senador Renan Calheiros à Presidência do Senado, o ex-ministro José Dirceu publicou um texto em seu blog dizendo que Rodrigues “já foi candidato a presidente do Senado e perdeu feio”. Ele afirmou que “o PSOL de Randolfe abandonou de fato qualquer veleidade de esquerda e se alia aos piores adversários do PT”. “Atuam escondidos numa retórica moralista com o único objetivo de desorganizar a base de apoio do governo e a maioria parlamentar construída no Senado pelas urnas e não pelo governo ou pela presidência ou Mesa do Senado”, continua.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), autor de um manifesto intitulado Uma nova presidência e um novo rumo para o Senado, também foi alvo dos ataques de Dirceu:
“Como vocês vêem, algumas das propostas são demagógicas, como esta de sessões de 2ª a 6ª”.
Leia, agora, o texto de José Dirceu:
A candidatura Randolfe: para desorganizar a base de apoio e a maioria do governo
Com o apoio de um grupo de senadores autodenominados independentes, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) lançou sua candidatura à presidência do Senado para a eleição do dia 1º de fevereiro próximo. Vai disputar com o líder do PMDB – e favorito -, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Randolfe já foi candidato a presidente do Senado e perdeu feio. Dois anos atrás lançou-se contra o senador José Sarney (PMDB-AP) e teve apenas oito votos, mesmo sendo a votação secreta. Agora sua candidatura foi articulada em jantares que costumavam reunir 11 dos 81 senadores – os 11 podem ser exatamente o número de votos que ele terá no próximo dia 1º.
Como vemos, o PSOL de Randolfe abandonou de fato qualquer veleidade de esquerda e se alia aos piores adversários do PT. Atuam escondidos numa retórica moralista com o único objetivo de desorganizar a base de apoio do governo e a maioria parlamentar construída no Senado pelas urnas e não pelo governo ou pela presidência ou Mesa do Senado.
A oposição perdeu nas urnas em 2010
A oposição perdeu nas urnas as eleições para o Senado da República em 2010. Foi o povo, portanto, que deu ao PT e ao PMDB o direito de indicar o candidato a presidente da Casa a ser eleito democraticamente pelos senadores e senadoras que compõem a maioria para montar uma Mesa proporcionalmente à representação dos partidos. Como manda a boa prática democrática.
Como manda a praxe reconhecida inclusive pelos chamados independentes. Eles a reconheciam quando julgavam até a semana passada que o ideal seria ter um candidato da base aliada e de preferência do PMDB (tentaram o senador Luiz Henrique – PMDB/SC, que não aceitou), já que o PMDB tem direito, por ser a maior bancada, a eleger o presidente do Senado.
O senador do PSOL anunciou que sai candidato tendo como plataforma de campanha um manifesto redigido pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que prega novas práticas na Casa para tentar resgatar sua credibilidade. Lutar por esse resgate é muito bom e necessário.
Algumas propostas são demagógicas
O texto de Cristovam, intitulado “Uma nova presidência e um novo rumo para o Senado”, lista exemplos de ineficiência do Senado e critica sua falta de transparência e faz propostas mais concretas, como lutar por pontos da reforma política, ter votações de 2ª a 6ª – hoje elas são só 3ª e 4ª – e uma reforma na consultoria jurídica da Casa para evitar episódios como a cobrança de dívida de parte do Imposto de Renda (IR) dos senadores, não recolhido pelo Senado.
Como vocês vêem, algumas das propostas são demagógicas, como esta de sessões de 2ª a 6ª. Outras, como a retomada da reforma política – ou de alguns pontos dela – são mais do que necessárias. Mas, para colocá-las em vigor, basta os partidos que representam os senadores signatários da candidatura Randolfe as colocar em prática quando participam da Mesa do Senado. Simples.
Fonte: Correio do Brasil