Eventos que não aconteceram, repasses que não foram feitos e artistas importantes que se foram. A expressão cultural de MT não teve bom ano
Lorenzo Falcão
Da Editoria
Um ano fraco. Com perdas e danos culturais, algumas irreparáveis, já que costuma se dizer que dá-se um jeito para tudo, menos para a morte. Sim. Pessoas especialíssimas para a cultura mato-grossense se foram. E eventos, bons eventos com os quais já estávamos nos acostumando ou acostumados, simplesmente, não aconteceram. Não seria nenhum exagero dizer que 2012, culturalmente, não aconteceu por inteiro. Ficou faltando. Há dívidas. E há também dúvidas. Será que vai melhorar em 2013?
As notícias, entretanto, não são todas más. Algo muito importante foi registrado, por exemplo, na área musical. A criação do Bacharelado em Música na Universidade Federal de Mato Grosso, antiga reivindicação, foi oficializada no finalzinho do ano. Enquanto alguns eventos falharam, outros chegaram com força total, e sem o apoio chapa branca. O Sarau das Artes Free, iniciativa espontânea encabeçada por umas poucas pessoas, logo recebeu adesão maciça e proliferou. Diversidade de artes e palco livre e aberto pra quem quiser.
A arte contemporânea de Mato Grosso contracenou com o que há de novo em outros estados do centro oeste. Nesse contexto, em destaque, outro iniciativa grupal merece crédito: o Coletivo À Deriva se sobressaiu. Enquanto isso, o Salão Jovem Arte de MT... Ah, esse parece cada vez mais sepultado. Não rola desde 2007. Exposições de artes plásticas pipocaram aqui e ali. Um novo point se abriu e se firma: a Casa do Parque.
Na área do audiovisual, infelizmente, ficamos sem o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, a principal iniciativa do setor que, entretanto, faiscou com algo positivo. O cineasta cuiabano, Bruno Bini, com o seu curta-metragem “Depois da Queda”, faturou prêmios em festivais de Petrópolis, Pernambuco e Miami ao longo deste ano. Em 2011 já tinha sido premiado aqui mesmo no Cinemato.
Na literatura, boa notícias. Livros foram lançados esporadicamente ao longo do ano, como sempre. O destaque vai para as duas principais editoras de Mato Grosso. A Entrelinhas, mais uma vez, esteve entre as finalistas do Prêmio Jabuti, um dos mais notáveis do Brasil; enquanto a Carlini & Caniato lançou, no finalzinho de 2012, livros de cinco autores prestigiados, de uma vez só.
No teatro, artistas e produtores se viraram. Vários grupos locais, de Cuiabá e do interior, promoveram e participaram de eventos, alguns até fora de Mato Grosso. Ficou faltando a Mostra Internacional de Teatro Infantil, evento bem vindo, que merece continuidade. Houve possibilidades de intercâmbios e da apreciação de espetáculos interessantes, com propósitos mais artísticos e não tão comerciais, que vieram de outras regiões. O setor da dança, em 2012, foi mais ou menos equivalente ao teatral, embora a realização da Mostra de Dança de MT, mereça destaque.
O prejuízo maior, entre todas as áreas da criação e da cultura, ficou mesmo para a arte popular mato-grossense. O Festival de Cururu e Siriri, talvez o evento mais significativo e tradicional do Estado, não aconteceu. Pior, dois ícones desse setor saíram de cena em 2012. Primeiro, em setembro, morreu Caetano Ribeiro, mestre cururueiro e fazedor de violas de cocho. E em dezembro, foi a vez do artista plástico e luthier, Antonio Pereira da Silva, o Sitó, subir para o andar de cima.
Os museus e espaços similares, alguns dependendo de repasses monetários de instituições públicas, não tiveram um ano feliz. A atenção e os investimentos para o setor precisam de mais eficácia. Este balanço um tanto resumido da performance cultural mato-grossense pode pecar pela falta de detalhes, mas comprova que 2012 ficou mesmo devendo. Oxalá, em 2013, as coisas sejam diferentes.
Perdas e danos em 2012
janeiro 03, 2013
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