O menino J .P., de 2 anos e 11 meses de idade, internado desde o dia 31 de dezembro no Pronto-Socorro de Cuiabá, depois de ter sido espancado e abusado sexualmente, apresentou alguns reflexos cerebrais, mas ainda corre sérios riscos.
Os pais da criança são os principais suspeitos do crime. Eles foram presos em flagrante por tortura qualificada e estupro de vulnerável.
O estado de saúde do garoto, apesar de estável, é considerado gravíssimo. J. P. está com traumatismo crânioencefálico, tem hematomas pelo corpo, lesões no ânus e respira com a ajuda de aparelhos.
O menino completa três anos de idade no próximo dia 11.
O diretor técnico do Pronto-Socorro, Luiz Augusto dos Santos, informou, por meio da assessoria de imprensa, que não descarta a hipótese de sobrevivência, mas que as chances são muito pequenas, quase um “milagre”. Disse ainda que, mesmo que consiga sobreviver, J. P. terá sequelas muito graves.
Os pais, Luziane de Silva Rodrigues, de 27 anos, e Fernando Bruno Pereira, de 20 anos, estão presos, respectivamente, na Cadeia Feminina e no Centro de Detenção Provisória, ambos em Tangará da Serra (245 km a Noroeste de Cuiabá), onde a família vive.
O casal chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no último domingo (31), depois que J. P. começou a ter convulsões. Aos médicos, os pais justificaram as crises dizendo que o filho tinha sofrido uma queda no sábado e batido a cabeça.
O garoto foi levado ao Hospital Municipal e, depois, transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital e Maternidade Clínica da Criança.
Com o estado de saúde considerado gravíssimo, ele foi transferido para o Pronto-Socorro de Cuiabá ainda no dia 31.
Uma das médicas que atendeu a vítima, após perceber que os machucados no corpo do garoto poderiam ser resultantes de maus tratos, chamou a Polícia Militar. Os policiais, então, entraram em contato com o conselheiro tutelar do município, Lindomar Gomes.
A Polícia e o conselheiro foram até a casa de Luziane e Fernando. Os dois, então, foram levados à Delegacia Municipal para prestar esclarecimentos. O pai disse que só falaria em juízo. A mãe negou os crimes.
Depois de constatado que a criança foi espancada e estuprada, quando os pais ainda estavam na delegacia, a Polícia prendeu os dois.
“Eu senti muita frieza por parte dos pais. Não quiseram falar muito sobre o assunto, não esboçaram muita reação”, contou Gomes.
A babá de J.P., que mora na frente da casa da família, contou ao conselheiro tutelar que viu as marcas roxas no corpo da criança e que o próprio J.P. disse a ela que quem fez os machucados “foi a mamãe”. Ela já foi ouvida pela Polícia.
Segundo informações da Polícia Civil, Fernando e Luziane se conheceram no Maranhão. Ele foi para Tangará da Serra no início de 2012.
Luziane continuou no estado nordestino por alguns meses, e só veio para a cidade mato-grossense em abril do ano passado.
Os dois trabalhavam em um frigorífico, em turnos alternados.