Mauro Mendes, que hoje tem minoria na Câmara de Vereadores da capital, vai enfrentá-la por um viés diferente. O recuo dele, no enfrentamento sobre o aumento de 25% do IPTU e também em não aceitar aumento do seu salário votado pela Câmara, está dentro dessa nova moldura e tática política. Vou criar uma história que pode acontecer.
Durante uns seis meses, ele não mandaria nada polêmico para ser apreciado na Câmara. Nesse período os vereadores irão pedir coisas ao prefeito e aos secretários. Aos mais amigos se atende, aos adversários se enrola.
Cada dia mais, pessoas que votaram nesses vereadores ou o bairros onde eles foram mais votados, irão pressioná-los para conseguirem benefícios. Eles voltam à prefeitura e outra vez são enrolados.
Além disso, os vereadores amigos farão nomeações, incluindo de cabos eleitorais. Tem uma cota para cada um. Os que são oposição não vão poder nomear ninguém e serão pressionado fortemente pelo pessoal que foi para a luta eleitoral com eles. Esses vereadores vão ficar numa situação incômoda.
Nesse meio tempo, o prefeito vai cedendo algumas coisas a vereadores, que hoje estariam na oposição, para puxá-los para seu lado. Os mais radicais vão ficar isolados e sem poder fazer nada por seus eleitores.
E, durante esse cabo de guerra, o prefeito não manda nada polêmico para ser aprovado na Câmara. Sem alguma ação importante da prefeitura para ser votada, momento para se fazer barganha política, os vereadores vão se enfraquecer.
Vão recorrer a esse ou aquele nome de fora, mas apoio e suporte de outros lugares, de gente que pensa em 2014, não resolve o impasse também. O Mauro, na hipótese aqui aventada, trataria a pão e água os que são contra. Minha opinião? A maioria dos vereadores não vai aguentar e vai pedir arrego, aí o prefeito forma sua maioria sem precisar dos mais recalcitrantes.
O Mauro, por sua vez, vai também viver de pão e água nos próximos meses. Não terá uns 20 milhões do aumento do IPTU. Também algo como 30 milhões que o Ministério da Saúde acaba de cortar.
O pagamento da CAB, pela concessão de água e saneamento, foi de 140 milhões de reais. Com a administração Chico Galindo ficaram 116 milhões (além dos 60 milhões da Petrobras que a Delta trabalhou).
O Mauro iria receber 12 milhões agora e outro tanto em 2014. O deste ano já está embargado pela Justiça. O Poeira Zero vai ter problema para continuar, portanto. A prefeitura arrecada uns 100 milhões de reais por mês. Algo como 35 milhões seria para salários, mais 25% para educação e 15% para a saúde. O que sobra paga dívida, aluguéis e tantos outros itens.
Sem dinheiro extra, este ano será complicado para o prefeito. E há um embate político com a Câmara. Quem aguentar mais tempo sairá vencedor. Se arrisco um palpite? Os vereadores pedirão água primeiro.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador em Cuiabá.
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