Rubens de Souza | Redação 24 Horas News
O “Movimento Mato Grosso Muito Mais”, que garantiu a unidade do PSB, PDT, PPS e PV nas eleições de 2010 e 2012, deve se esfacelar completamente por não ter suportado a uma disputa interna da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá que acabou elegendo o vereador João Emanuel (PSD), que foi secretário de Habitação do município de Cuiabá nas gestões Wilson Santos (PSDB) e Chico Galindo (PTB). A articulação foi “bancada” pelo atual presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Riva, e contou com um aliado de peso: o deputado federal Valtenir Pereira, do PSB, partido de Mauro Mendes, que, por sua vez, aguarda o momento certo de deixar a sigla.
A eleição interna não se restringiu apenas a disputa pela Mesa Diretora do Legislativo de Cuiabá. Os acertos avançaram para outra disputa, a de 2014. Precisamente, envolve a vaga ao Senado Federal , hoje ocupada pelo democrata Jaime Campos. Para vencer a presidência da Câmara, e impor uma derrota ao prefeito Mendes, Riva teria negociado o apoio ao projeto de Valtenir Pereira.
No projeto de Riva, uma das vertentes seria uma eventual candidatura ao Governo do Estado. Riva, no entanto, também prepara uma série de sucessores (dentro da própria família) para assumirem seu considerável espólio eleitoral que a cada disputa é sempre ampliado pela vontade popular. Tanto é que nas cinco eleições para deputado estadual, em três delas foi proporcionalmente o mais votado do Brasil.
Valtenir Pereira sempre se demonstrou inconformado pela ascensão política de Mauro Mendes, agora consolidado como prefeito da Capital, o que deve lhe valer a condição de líder político que para se confirmarem é preciso trabalhar e disputar a reeleição em 2016. Só que no meio dos altos e baixos da corrida sucessória, Valtenir Pereira de olho no sua futuro político levou os dois vereadores do PSB, Faissal e Onofre Júnior, contrariando o prefeito Mauro Mendes que apoiava Júlio Pinheiro (PTB), a votar e garantir a vitória de João Emanuel, numa articulação do próprio José Riva.
Toda essa engenharia assegurou a ele, Valtenir, a condição de candidato da chapa a Senador da República, após ter sido reeleito deputado federal em 2010 com mais de 100 mil votos, dois anos depois de um desempenho mediocre como candidato a prefeito em 2008 quando chegou a 8 mil votos.
O problema maior é que em 2014, nas eleições gerais, existe apenas uma vaga de Senador da República, o que remete esta eleição a uma disputa majoritária do tamanho da eleição de governador do Estado. A cada quatro anos se tem eleição para Senador. Em 2010 foram eleitos 2/3, uma vaga de Blairo Maggi (PR) e outra de Pedro Taques (PDT). Já a vaga de Jaime Campos teve seu mandato iniciado em 2007, portanto, em 2014, encerra-se seus oito anos de mandato, do qual o democrata não parece querer larger facilmente.
Se toda a articulação construída ao longo dos últimos anos por José Riva (PSD) para sobreviver políticamente e chegar de forma indireta ao Governo do Estado, como segundo na sucessão, na condição de presidente do Poder Legislativo, apostando que o atual governador Silval Barbosa (PMDB) deixa o cargo para disputar as eleições e que o vice, Chico Daltro (PSD) aceitaria assumir uma vaga no Tribunal de Contas de Mato Grosso, permitindo assim que Riva concluísse o atual mandato e disputasse a reeleição na condição de governador do Estado, a estratégia de Valtenir Pereira seria de pleno êxito, pelo menos por passar a ter condição de disputar de igual para igual uma vaga importante como o Senado Federal.