Ao olhar a foto você consegue notar as rugas de preocupação de Galindo? Bem provável que não. Bolso cheio, belas paisagens e uma cidade maravilhosa para curtir, o Rio de Janeiro, mostram que ex-prefeito começa a ensaiar para o desfile na Mangueira.
Itamar Perenha / Fernanda Leite / Cuiabá-MT
O ex-prefeito Chico Galindo (PTB), que disse ter deixando a “casa arrumada” no discurso de despedida como fecho de ouro a uma intensa campanha publicitária de fim de governo – alguns painéis ainda ocupam lugares estratégicos na cidade - está passando uma temporada de férias com a família na cidade do Rio de Janeiro.
Resolveu se dar ao desfrute certamente para esquecer as durezas da gestão que enfrentou e para deixar um caixa generoso de R$ 15 milhões para o seu sucessor, portanto, muito longe do “rombo” reclamado por seu sucessor, Mauro Mendes (PSB), incomodado por credores que sobem ao 7º andar para receber os mais de R$ 70 milhões em dividas deixados pelo ex-prefeito folgazão.
Suspensão do “Poeira Zero”
Batizado de “Poeira Zero” o vistoso programa de governo de Chico Galindo prometeu pavimentar 54 bairros da cidade e deu a largada nos serviços com jeito de quem parecia começar e querer terminar a obra no próprio mandato-tampão.
No embate da campanha Mauro Mendes chegou a se comprometer com a continuidade do programa que, agora, manda suspender considerando a “janela meteorológica” comprometedora para a qualidade das obras, determinação que o secretário de Obras, Marcelo Oliveira, pareceu cumprir com satisfação.
Depois do batismo a crisma
A expectativa criada na população desassistida com o “Poeira Zero” em recall à intensa campanha publicitária torna o programa praticamente irreversível até pela preparação da fisionomia da cidade ante o evento de caráter mundial que terá Cuiabá como uma das sub-sedes da Copa 2014.
Para que a “referência da gestão Galindo” não venha a ofuscar o mandato que é o debut da carreira política, Mauro Mendes começou a desmontar a imagem do programa atacando-o como responsável por uma dívida superior a R$ 40 milhões apenas para pagamento de fornecedores e empreiteiros do programa se bem que o total da dívida seja, ainda, desconhecido e se fale em importância superior a R$ 70 milhões, dívida suficiente para comprometer o início da gestão.
“Estive reunido com o Sindicato dos Empreiteiros e não vou deixar de cumprir os pagamentos das dívidas existentes, mas por enquanto, suspendemos o Programa de asfaltamento devido à falta de dinheiro. Isso não deveria acontecer, pois, o prefeito que estava em exercício não poderia deixar dividas ao próximo prefeito sem a contrapartida em caixa”, disse Mendes.
Pagando dividas
Mauro mandou um recado aos empreiteiros que realizaram asfalto “casca de ovo”, segundo ele, que a Prefeitura não irá aceitar trabalhos fora das normas técnicas.
“Hoje o que se vê é uma rua sendo feita e menos de 6 meses depois, tem que estar lá, novamente, na mesma rua tapando buraco. Isso não vamos aceitar. As empresas terão que nos entregar asfalto com qualidade, pois nossa parte em cumprir o pagamento faremos”, avisou o prefeito.
Outros motivos que levaram à paralisação do Programa Poeira Zero, além da falta de dinheiro em caixa, é o período de chuva. Nesta época há dificuldades para imprimação com mínimo de qualidade (processo que permite o recobrimento com o asfalto propriamente dito), compactação de solos encharcados e a erosão concomitante provocada pela descarga de águas pluviais de forma intensa e concentrada como costuma acontecer em Mato Grosso e, nesse caso em particular, Cuiabá.
Programa polêmico
O programa foi alvo de discussões após o Tribunal de Contas do Estado – TCE – ter apurado um desvio “potencial” de R$ 48.941.428,24, devido aos preços licitados, conforme parecer do conselheiro substituto Moisés Maciel que determinou, inclusive, a instauração de uma Tomada de Contas Especial para verificar o efetivo dano causado durante a execução do Poeira Zero.
Calculando dividas
Mauro Mendes instalou uma Comissão Temporária para analisar todos os restos a pagar da administração do ex-prefeito Chico Galindo para inferir a legitimidade das despesas que vão acorrer ao Tesouro Municipal.
Os trabalhos devem ser concluídos em 90 dias e os pagamentos das dívidas existentes da Prefeitura só serão realizadas após parecer favorável da Comissão e autorização do próprio prefeito que promete examinar as despesas com lupa.