JOSÉ LUIS LARANJA:Submissão e gastança desnecessária




JOSÉ LUIS LARANJA

A festa-sorteio das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, realizada no dia 31 de julho passado, na Marina da Glória, Rio de Janeiro, só comprovou o que os organizadores vão gastar durante a competição.

Esse foi somente o começo de uma grande gastança que acena por ai. O pontapé inicial de 2014 foi uma vergonha mundial e custou a bagatela de trinta milhões de reais, repartidos entre dois bons patrocinadores: o Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro.

É o velho ditado: A Copa é deles e a conta é nossa. O mais curioso de tudo isso é que a própria Fifa, poderia ter realizado o sorteio em sua sede, Zurique, mas não, os organizadores montaram um esquema de guerra, fechando por quatro horas o principal aeroporto do Rio para, PASMÉM senhores, evitar que o trânsito e o barulho das aeronaves atrapalhassem a retirada dos papeizinhos dos potes na Marina da Glória.

Senti vergonha e não consegui acompanhar o restante do sorteio. Será essa a Copa que os brasileiros desejam?

Entendo que, há pessoas querendo aparecer mais do que qualquer urubu no céu. Depois da realização do evento, ficou claro que este é um pequeno exemplo de como o país vai se condicionando a aceitar as regras da Fifa, para a realização do campeonato.

Para o juiz de direito de São Paulo, Marcelo Semer, seguir as regras, no entanto, não parece ser o forte da própria Fifa. Recentemente sua eleição esteve dividida entre dois candidatos acusados de grandes irregularidades. O opositor foi banido e o atual presidente reeleito, não sem indignação daqueles que perderam escolha de sedes, acusando a corrupção de estar campeando por aquelas plagas.

Mas, os governantes cariocas deveriam estar com vergonha da realidade do qual atravessa o Estado. Enquanto, a Fifa debochava dos brasileiros com um evento "as mil maravilhas", os professores estaduais do Rio estão em greve e reivindicavam por melhores salários. Como se não bastasse á vida sofrida, como por exemplo, ganham no holerite a soma de R$ 765,00, a educação soma-se a falta de segurança e a precária saúde.

Quanto gasto desnecessário de dinheiro público que, para mim é jogado pelo ralo do banheiro, enquanto, pessoas clamam por atendimento médico, mais segurança nas ruas, os políticos não se preocupam com esses investimentos e desejam somente os holofotes da Vênus prateada. Aliás, em nenhum momento foi falado sobre o protesto da torcida brasileira contra a atual administração do presidente da CBF, que contou com vários cartazes sob o slogan "Fora Teixeira e Havelange".

Além da saúde, segurança e educação, há o perigo dos bueiros voadores das principais avenidas cariocas. Por enquanto, a infra-estrutura arcaica da cidade não ganha melhorias e apenas assiste o multimilionário evento da Fifa.

Há razões sim para o temor. A gastança do dinheiro público começou há vários meses e um dos exemplos foi a construção do puxadinho do Maracanã para receber a final da Copa de 2014. Outra vergonha. Uma pequena obra que consumirá pouco mais de R$ 1 bilhão, então cabe uma pergunta para nossos governantes: porque não investir uma pequena parte na saúde, educação e segurança pública?

Outro detalhe da festa-sorteio foi que todo o folguedo foi organizado pela Geo Eventos, empresa das Organizações Globo e do Grupo RBS.

Este é o reflexo do futebol profissional: grandes lucros privados e despesas públicas tão imensas quanto para garanti-los.

Mas, voltando para as obras de Cuiabá, onde teremos a realização de três partidas do Mundial, as coisas também começam a ganhar cara de sonho. As "grandes" obras ainda não começaram pelas principais avenidas da capital mato-grossense. Como diria o narrador esportivo Fiori Gigliotti, "o tempo passa torcida brasileira" e o prazo para o término está chegando.

Para estruturar avenidas será necessário destruir imóveis comerciais e residenciais, onde milhares de pessoas podem ser retiradas de suas moradas por estarem no caminho de grandes obras, sem que o Estado se preocupe, primeiro, em alojá-las condignamente.

Fica outra pergunta: alguma grande obra de moradia popular está sendo planejada para diminuir o enorme déficit do país, de modo que possamos nos beneficiar de uma "herança social" da Copa?

O tempo passa torcida brasileira, e até agora vários estádios nem tiveram suas obras de melhorias iniciadas. Diante disso, temos ainda muitos problemas para serem solucionados antes mesmo do pontapé inicial da Copa. Tomara que essa lambança de desorganização ganhe outro rumo, caso contrário, vamos virar chacota mundial de submissão e gastança desnecessária.

JOSÉ LUIS LARANJA é jornalista e assessor de imprensa

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