Andréa Haddad
Após ser desafiado pelo prefeito em exercício de Tangará da Serra, Miguel Romanhuk (DEM), o vereador Paulinho Porfírio (PR) reagiu nesta quarta (31) com a apresentação, em plenário, da fita que comprometeria o gestor. Segundo o republicano, a gravação comprova que Miguel pagou propina de R$ 5 mil a Roque Fritzen (PDT) para ter o voto do pedetista na eleição vitoriosa à Mesa Diretora da Casa.
A fita foi mostrada durante a sessão de julgamento do relatório final elaborado pela Comissão Processante (CP), que pede a cassação do prefeito afastado Júlio Ladeira (PR), do vice José Jaconias (PT), e de 4 vereadores, entre eles Porfírio. Provocado por Miguel na mídia local a apresentar a gravação, Paulinho não se conteve. O republicano aproveitou a defesa oral para mostrar a fita, que, segundo ele, será encaminhada ao Ministério Público Estadual. A atitude do vereador gerou alvoroço na sessão, lotada de moradores, parentes dos envolvidos e advogados.
Além de Paulinho, já apresentaram as respectivas defesas os vereadores Celso Ferreira (DEM) e Haroldo Lima (DEM). Neste momento, o colega de parlamento Genilson Komazae (PR) expõe os argumentos contrários à cassação. Em seguida, há expectativa de que Jaconias e Ladeia contestem o relatório da CP em plenário.
Os 6 são acusados de improbidade administrativa por supostamente colaborar para o prejuízo estimado em R$ 6 milhões aos cofres do município mediante o termo de parceria firmado, em 2009, com a Oscip Idheas para o gerenciamento dos serviços de Saúde. Apesar do parecer contrário da promotoria, Ladeia assinou o contrato, aprovado na Câmara com o aval de 5 vereadores – um deles é o suplente Celso Vieira (PP), à época no exercício do mandato. Posteriormente, Jaconias renovou o termo de parceria com a Oscip, posteriormente rescindido. Em 7 de abril de 2010, a Polícia Federal deflagrou a Operação Hygheia para investigar suposto esquema de corrupção envolvendo o Idheas.
O julgamento na Câmara deve encerrar na noite desta quarta. Todos os envolvidos acompanham os trabalhos, menos Ladeia. Apesar de terem sido afastados dos cargos por decisão judicial, em caráter de liminar, a cassação dos 6 mandatos, de uma só vez, deve encerrar mais um capítulo da instabilidade político-administrativa no município, que perdura há mais de 10 anos.
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