Os dias já não são mais os mesmos para o casal Antônio Carlos Belo de Sousa, 43, e Maria Regiane Pereira de Oliveira, 30. Até quarta-feira, antes da filha, a pequena Maria Regilane Pereira Belo que hoje completa três meses de vida, ser levada “Deus sabe para onde”, o pedreiro acordava animado. Levantava cedo, às 5 horas, e, enquanto esperava a esposa fazer o almoço que ele levava para o trabalho, brincava com a menina. “Minha esposa fazia minha refeição e o mingauzinho dela. E eu ficava cuidando dela”, lembra, emocionado. Agora, seu Carlinhos, como é conhecido onde mora, na Vila dos Pescadores, um lugarejo de Croata I, em Aquiraz, nem consegue “pregar o olho”.
Passa as noites em vigília à espera da filha. “Fico olhando a estrada. Acho que ela vai trazer minha filha de volta à noite. Sozinha. No escuro. Ela deve ter medo de aparecer cedo”, mareja os olhos, com esperança. A criança foi tirada, por volta do meio-dia da última quarta-feira, da casa dos pais por uma desconhecida que se apresentava apenas como “Cláudia”. A mulher levou também o cartão de vacinação e a Declaração de Nascido Vivo (DNV) da menina, que só foi registrada pelos pais na quinta-feira.
Se não consegue dormir à noite, de dia menos ainda. Pai e mãe são levados de um lado para o outro, na tentativa de avançar nas investigações. Ontem, o caso, que está sendo investigado pela Delegacia de Horizonte, passou a ser acompanhado também pela Justiça de Aquiraz, município onde fica localizado o lugarejo que o casal mora com os três filhos. A Promotoria da Infância e da Juventude de Aquiraz já conseguiu identificar duas pistas da mulher, que não serão divulgadas para não atrapalhar as investigações.
O promotor de Justiça da Infância e da Juventude de Aquiraz, Francisco de Assis Marinho, informou ainda que a foto da criança seria enviada, ainda ontem, para todos os cartórios, a fim de impedir que a pequena seja registrada pela raptora. Enquanto as investigações seguem, o pai chora. Ora esmorece, ora tem a fé renovada. A mãe pouco fala. Em alguns momentos, sente-se exausta, desanimada. Em outros, é firme e deixa transparecer a revolta.
Na casa, de apenas dois cômodos e um banheiro, tudo está à espera da pequena Regilane. A avó, Maria Pereira, 59, é quem está tomando conta do lugar, enquanto os pais passam o dia envolvidos no caso. Com olhar triste, ela mostra a pequena rede onde dormia a menina. “Eu só espero que achem logo minha neta”, diz. (Gabriela Meneses)
E-Mais
O local onde a família mora fica entre Aquiraz e Horizonte. Por isso, as investigações começaram em Horizonte. Após o Conselho Tutelar de Aquiraz verificar que a região pertencia ao município, a Justiça de Aquiraz decidiu apoiar o caso.
ENTENDA O CASO
No último domingo, quando voltava da eleição, a raptora, que se identificou como “Cláudia”, pediu para a mãe da criança, Regiane Pereira, para utilizar o banheiro da casa. A mulher se mostrou simpática, prestativa e prometeu levar presentes para o bebê. A raptora, segundo contou o pai, voltou à casa na segunda-feira, levando pomadas e fraldas.
Na quarta-feira, dia do rapto, a mulher retornou a casa e se ofereceu para cuidar das crianças enquanto a mãe regularizava um benefício social.
Por volta do meio-dia, a mulher aproveitou a saída do menino de 9 anos para sair com a menina de 7 anos e o bebê. A raptora pediu para a menina encontrar a mãe no posto.
A menina teria seguido as orientações da mulher e, ao chegar ao posto sem encontrar a mãe, teria retornado à parada, onde a mulher já não estava.
Regiane de Oliveira descreve a raptora da filha como uma mulher baixa, forte, de cabelo louro tingido, seios fartos e pernas torneadas. Ela teria ainda um sinal no rosto e três tatuagens de estrela na nuca.
Caso tenha notícias sobre a criança ou a raptora, ligue: Delegacia de Horizonte: (85) 3336 6164, Conselho Tutelar de Aquiraz: (85) 3361 1821 e 8139 3118 e Conselho Tutelar de Horizonte: (85) 3336 6066 e 9197 1506.
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