O lado negro da sociedade vem à tona

O lado negro da sociedade vem à tona


Casos de pedofilia são cada vez mais frequentes em Sorocaba e polícia ainda recebe média de 50 denúncias por mês

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Mayco Geretti/Agência BOM DIA



Gabriel (nome fictício) brinca com pipa na zona norte da cidade: garoto tenta superar trauma deixado por abuso sexual Mayco Geretti

Agência BOM DIA



Há algumas décadas, era tabu até mesmo comentar casos envolvendo violência sexual contra menores. Era problema dos outros, no qual vizinhos e parentes dificilmente se metiam.



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O tempo, no entanto, agiu, e a proliferação da informação transformou a sociedade em um agente mais vigilante. A resposta aparece na forma de denúncias, que não param de crescer.



Dados da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Sorocaba mostram que nos primeiros sete meses uma média de 50 denúncias por mês chegaram ao conhecimento da polícia. No ano passado, quando o BOM DIA realizou o mesmo tipo de levantamento, a média era de uma denúncia por dia, não passando de 30 por mês.



A delegada Jaqueline Coutinho, titular da delegacia, acredita que os casos de pedofilia não estejam aumentando de forma expressiva, mas sim o volume de informações que chega às autoridades policiais.



“Casos de violência sexual contra menores de idade sempre existiram, o que mudou foi a postura sociedade. A pedofilia

ganhou a mídia e incomodou. A denúncia hoje vem de conhecidos e até de pessoas que observam uma situação estranha ou decidem comunicar a polícia após ouviram o relato de uma criança.”



A socióloga Verônica Martinez, concorda que a postura da sociedade diante de um indício de pedofilia é está diferenciada.



“Há anos, dominava a política do abafamento. Se uma criança procurasse até mesmo seus pais para dizer que um conhecido estava lhe molestando, os pais seriam os primeiros a puni-la. Mandariam que ela se calasse pois aquilo poderia soar mal entre a vizinhança. Mesmo os pais que acreditam em seus filhos, se resignavam.”



O perigo dentro de casa

A instrução é massivamente divulgada nos meios de comunicação: crianças, evitem contato com estranhos, na rua ou na internet! Mas a orientação de pouco adianta quando o perigo está na casa da vítima.



Os dados da Delegacia de Defesa da Mulher mostram que 70% dos menores de idade vítima de violência sexual foram atacados por familiares, sendo pais e padrastos na maioria dos casos. Gabriel, 12, foi molestado pelo companheiro da mãe por meses.



Com ele preso, tenta deixar para trás o episódio traumático. “Ele me ameaçava. Eu tinha medo até de sair da cama”, relata

o garoto.



“O pai, padrasto, tio, usam a autoridade para dominar a criança psicologicamente. Muitas mães são coniventes com pois dependem financeiramente dos companheiros e acabam se tornando cúmplices”, diz a delegada Jaqueline.





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