Invalidadas buscas na Bélgica sobre pedofilia na Igreja

Invalidadas buscas na Bélgica sobre pedofilia na Igreja


2010-09-09

A investigação judicial para averiguar se a igreja católica é ou não culpada de ter camuflado os escândalos de pedofilia na Bélgica sofreu um revés, com a invalidação das buscas que, em Junho, provocaram a cólera do Vaticano.



O Tribunal de Recurso de Bruxelas considerou nulas as apreensões feitas a 24 de Junho na sede da igreja católica belga, a arquidiocese de Malines, bem como no domicílio do cardeal Godfried Danneels.



Todos os elementos apreendidos nestas buscas feitas pela polícia por ordem do juiz de instrução Wim De Troy deverão ser devolvidas e todos os elementos de instrução com base nestas apreensões serão invalidados.



A jurisdição considerou que a operação da polícia foi desproporcionada, depois de ter já invalidado uma busca feita no mesmo dia, nos locais onde se reunia uma comissão de inquérito interna da igreja sobre os casos de pedofilia.



Em Junho, o juiz decidiu investigar o coração da igreja católica, chegando mesmo a ordenar a perfuração dos túmulos de dois antigos responsáveis católicos na catedral de Malines para averiguar se estavam aí escondidos documentos relevantes para o processo.



A polícia fez buscas no palácio episcopal de Malines, em Bruxelas, quando se realizava uma reunião de bispos belgas com a presença do núncio apostólico, representante do Vaticano.



Na busca de documentos, sobretudo de correio entre as presumíveis vítimas de padres pedófilos e as autoridades católicas, a polícia confiscou os telefones dos bispos belgas e impediu-os de saírem do local por várias horas.



Esta operação suscitou a indignação do Vaticano, que a contestou publicamente.



O actual chefe da igreja católica belga, André-Joseph Léonard, reagiu hoje, quinta-feira, mostrando-se "satisfeito" pelo facto de "a clareza ser finalmente obtida neste processo".



"É do interesse de todos que as regras fundamentais do Direito sejam respeitadas", afirmou ainda, em comunicado.