Tudo por dinheiro João Emanuel é um vereador de uma nota só. Só quer dinheiro


Quando o vereador João Emanuel foi eleito presidente da Câmara com apoio e sob a fiscalização de José Riva que esteve na sessão de votação para a escolha do presidente a fim de fiscalizar se o que havia sido acordado para a eleição seria cumprido, tive oportunidade de escrever que a Câmara começava muito mal a gestão. O tempo tratou de dar-me razão. 

Passados quase oito meses da posse, o vereador João Emanuel é um vereador de uma nota só. Quer mais dinheiro, muito mais dinheiro para a administração da Câmara em detrimento das finanças de Cuiabá, para atender os compromissos firmados na sua caminhada para a presidência. O prefeito Mauro Mendes resistiu a todas as tentativas de tirar dinheiro ilegalmente da prefeitura. Este é o motivo da divergência entre os dois poderes. Eles são independentes e devem ser harmônicos como preceitua a Constituição, mas essa harmonia tem sido deixada de lado, em função de exigências nada republicanas do vereador João Emanuel. 
"Passados quase oito meses da posse, o vereador João Emanuel é um vereador de uma nota só. Quer mais dinheiro, muito mais dinheiro para a administração da Câmara em detrimento das finanças de Cuiabá."

Só para relembrar: o vereador João Emanuel assumiu a Câmara com um discurso de mudança, em relação à combatida e desgastada gestão do vereador Júlio Pinheiro. Propôs uma nova gestão, com jeito diferente. Do jeito que faz caminhar as coisas, está promovendo a ressuscitação política do Júlio. Explico: quando administrou a Câmara de Cuiabá, Júlio Pinheiro tinha à sua disposição um orçamento de R$ 22 milhões por ano e todos se lembram de que ele devolveu no final do ano passado R$ 5 milhões para a prefeitura de Cuiabá. E a Câmara não vivia reclamando de tanta falta de dinheiro. Com João Emanuel, o orçamento do Poder Legislativo foi para R$ 2,9 milhões de reais por mês, que representam R$ 32 milhões de reais por ano. Traduzindo esses números, João Emanuel não consegue administrar a Câmara com R$ 10 milhões de reais a mais por ano, que na verdade seriam R$ 15 milhões a mais, se levarmos em consideração os R$5 milhões devolvidos por Júlio Pinheiro. Pretende levar no grito mais R$ 10 milhões de reais, que a prefeitura não pode passar por ser ilegal e também, convenhamos, por não ser prioridade. São simples assim as decantadas divergências, ou falta de diálogo, levantadas pelo Legislativo. 

Acontece que os vereadores ligados a João Emanuel fazem claramente uma atuação pior que a legislatura passada. Parecem estar desconectados da realidade. O vereador João Emanuel finge não estar vendo televisão. Com certeza, junto com o petista Alan Kardec deve ser daqueles que acredita que o Mensalão não existiu. Na prática, querem instalar o mensalinho na Câmara de Cuiabá e para isso recorrem à necessidade de prostituir um dos mais importantes instrumentos do parlamento, a comissão parlamentar de inquérito. 

Os que me conhecem sabem que sou inteiramente favorável à investigação. É uma das missões mais nobres da atividade parlamentar. Mas João Emanuel não quer investigar nada. Quer mais dinheiro para a Câmara. Já tentou obter essas vantagens conseguindo mais dinheiro da iluminação pública e foi barrado pelo prefeito Mauro Mendes e pelo parecer do Tribunal de Contas. Fez nova consulta ao tribunal para tentar se apoderar percentualmente de mais dinheiro do município e sua pretensão foi novamente considerada ilegal. Por isso determinou a instalação da CPI sobre os maquinários, para ver se conseguia, por fora, os recursos que legalmente lhe foram negados. 

João Emanuel sabe que a CPI para levantar mais dinheiro para a Câmara não irá prosperar. Pelo menos com a formação ilegal, com que ele a determinou, mas era uma de suas últimas tentativas de fazer saque aos cofres públicos. Fingindo que seria de forma legal. 

O que ele não esperava era a dura reação da base do governo. Não só em relação à ilegalidade e desrespeito em relação à proporcionalidade partidária, como provou o vereador Dilemário Alencar, mas também em função de outros assuntos, pelos quais passará a responder, em três CPIS propostas contra ele. Em uma ele vai ter a necessidade de explicar sobre grilagens de terras que ocorreram durante sua gestão. Se elas aconteceram com seu consentimento e apoio, ou se foram praticadas à sua revelia, mas vai ser investigado. As outras duas são mais graves, muito mais graves: vai ter que explicar a falsificação de documentos e carimbos em comunicações oficiais à prefeitura, bem como a inserção de textos que nunca foram votados em leis encaminhadas pela prefeitura de Cuiabá. 

Estes assuntos vão dar muito trabalho a João Emanuel. Pelo que vi dos documentos, a fraude legislativa está comprovada e o trabalho da CPI vai ser apenas o de comprovar a autoria do presidente. Sem dúvida, o único que lucraria se a fraude prosperasse. 

Como se vê, João Emanuel faz tudo por dinheiro. É também para preservar interesses financeiros muito mal-explicados que ele abusivamente e ilegalmente não instala a CPI da CAB. Vai ter que instalar, ainda que perca mais dinheiro. 

Atenção, Ministério Público: o Mensalão existiu! E querem transformar o Legislativo numa casa de negócios. Volto ao assunto! 

Antero Paes de Barros é jornalista e escreve aos domingos no Diário de Cuiabá.