Garcia nega desconforto na base com ataques à Câmara


Parlamentares se dizem insatisfeitos com a rixa entre o prefeito e o presidente da Câmara

Secom-Cuiabá
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Garcia reafirma críticas a João Emanuel e diz que relação com a base está tranquila
LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O secretário de Governo de Cuiabá, Fábio Garcia, negou que os vereadores da base do prefeito Mauro Mendes (PSB) estejam insatisfeitos com "guerra" declarada ao presidente da Câmara Municipal, João Emanuel (PSD).

O próprio Garcia e o secretário de Comunicação, Kleber Lima, acusaram o vereador de fazer chantagem para aumentar o repasse de recursos para o Legislativo - medida que beneficiará aos 25 vereadores, já que a Câmara está trabalhando com déficit.

De acordo com os secretários e o prefeito Mauro Mendes (PSB), João Emanuel articulou pela instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maquinários após o prefeito se recusar a atender ao pleito de aumentar em R$ 7 milhões o orçamento anual da Câmara, que hoje é de R$ 32,4 milhões.

Lima chegou a chamar o presidente da Câmara de “menino mimado” e “golpista”, afirmando, em entrevistas, que o vereador quer afastar Mauro Mendes da Prefeitura para assumir como prefeito em seu lugar.
"A relação com os vereadores está positiva, e a base está firme conosco, e tem demonstrado total apoio às nossas iniciativas. João Emanuel está fazendo chantagem por mais dinheiro"

“A relação com os vereadores está positiva, a base está firme conosco, e tem demonstrado total apoio às nossas iniciativas. Os vereadores entendem que o propósito é só restabelecer a verdade dos fatos e deixar muito claro para a sociedade os motivos que estão por trás dessa CPI, que foi armada pelo presidente da Câmara, João Emanuel”, disse Fábio Garcia.

“Eles entendem que essa forma de atuar do João Emanuel, com chantagem com CPIs infundadas para buscar mais dinheiro para ele mesmo, não é a forma adequada de agir. É chantagem por mais dinheiro”, afirmou o secretário.

Em retaliação à instalação da CPI dos Maquinários, os vereadores da base de Mendes apresentaram três CPIs contra João Emanuel - a do Processo Legislativo, baseada na acusação de que a Mesa Diretora encaminhou para sanção leis com texto diferente do aprovado pela Câmara; a CPI da LDO, com o mesmo argumento da anterior; e a CPI da Grilagem, que investigará a atuação de João Emanuel como secretário de Habitação, nas gestões de Wilson Santos (PSDB) e Chico Galindo (PTB).

Apesar dos termos usados contra o presidente da Câmara, Fábio Garcia afirmou que não houve qualquer ataque pessoal a João Emanuel.

De acordo com o secretário, o que ele e o titular da Secom fizeram foi um “esclarecimento da verdade”.

“Ainda tem muito mais coisas. A sociedade precisa saber de toda a verdade. Muitas verdades virão à tona, como parte do trabalho das CPIs”, afirmou, se recusando a dizer que “verdades” seriam essas.

Por outro lado, o líder da bancada governista na Câmara, Leonardo de Oliveira (PTB), e Dilemário Alencar (PTB), que também compõem a base, admitiram, em entrevista ao MidiaNews, que a guerra aberta está causando desconforto.

“Essa briga é pessoal, entre o João Emanuel e o Mauro Mnedes, e apenas suja a imagem a Câmara”, disse Dilemário.

Recurso suficiente

De acordo com Fábio Garcia, o valor do repasse do Executivo para a Câmara, chamado duodécimo, é suficiente para cobrir os gastos do Legislativo cuiabano.

O repasse é de R$ 2,7 milhões por mês, no total de R$ 32,4 milhões por ano, e João Emanuel pleiteou um aumento de R$ 7 milhões nesse valor.

“Ele fez vários pleitos para a prefeitura de aumento de R$ 7 milhões do duodécimo e abriu uma CPI sem qualquer fundamento. Mas isso é impossível de atender. Não somente nós, como também o TCE, respondemos a ele falando da impossibilidade legal de aumentar o repasse. Estamos repassando 4,5% da receita tributária do ano anterior, que é o teto previsto. E quando olhamos os recursos dos anos anteriores, vemos que os recursos são mais que suficientes para administrar a Câmara de Cuiabá”, afirmou Garcia.
MidiaNews