Alfredo da Mota Menezes diz que nem mesmo a conturbada relação entre Carlos Brito e o coronel Meirelles foi pior que o atual momento em Cuiabá
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Especial para o Diário
Nem a emblemática “guerra” travada entre Carlos Brito e coronel Meireles, entre 1994 e 1996, resultou em uma relação tão ruim entre o Legislativo e o Executivo cuiabano, quanto a que acontece entre Mauro Mendes (PSB) e João Emanuel (PSD).
A avaliação é do analista Alfredo da Mota Menezes, que acredita que, neste momento, os dois lados tentam marcar território. “De um lado João Emanuel demonstra ter pulso firme. Do outro, a turma do prefeito mostra que existe um freio”, diz.
A expectativa é que a crise se estenda até o fim do mandato da mesa diretora, ou seja, por, pelo menos, mais um ano e quatro meses a relação entre Câmara e prefeitura deve permanecer estremecida.
Para Menezes, a briga chegou a esse ponto – em que ambos os lados buscam a destituição do outro - porque já não há mais conversa. Agora, é uma questão de mostrar quem pode mais.
Mesmo com o caos que se instalou, o analista ressalta não haver risco de uma instabilidade política na Capital, como aconteceu na história recente de Várzea Grande e Santo Antônio do Leverger. “Nesses municípios há uma batalha de famílias pelo poder que dura há décadas. Não é o caso de Cuiabá”.
O ponto alto da crise começou com a formação da CPI dos Maquinários, que visa investigar supostas irregularidades em uma licitação da prefeitura. Para Menezes, João Emanuel errou na composição da comissão ao não respeitar o Regimento Interno, tanto que a Justiça – provocada pela base governista - destituiu os membros do grupo.
Ele pondera, no entanto, que o grande prejudicado nisso tudo não será o social-democrata, mas a sociedade. “A população perde muito. Na Itália, a política é uma bagunça, como no Brasil, mas eles são a quinta economia do mundo e a sociedade não depende da política para evoluir. A sociedade anda”, compara.
Desde que José Meireles, o coronel Meireiles, assumiu a Prefeitura de Cuiabá, deixada por Dante de Oliveira – à época eleito governador do Estado -, uma “briga” desse nível não acontecia entre os Poderes.
O presidente da Câmara naquele tempo era o então vereador Carlos Brito, hoje secretário municipal de Esporte e Cidadania. Como ambos eram filiados ao PSDB, as divergências deixaram o partido dividido.
O motivo das brigas era a falta de recursos. Ao contrário da situação atual, no entanto, era a prefeitura que enfrenta os problemas. Servidores estavam com salários atrasados e serviços públicos precarizados.
Brito, que era o primeiro na linha de sucessão, caso o prefeito deixasse o cargo, acreditava que se assumisse o comando do município poderia resolver os problemas, por isso, travou uma batalha com o coronel.
No final das contas, chegou a comandar o Palácio Alencastro do início de janeiro de 1996 a março do mesmo ano.
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