Atirador da USP de São Carlos não descarta voltar ao campus


Estudante de ciências exatas disse ter sido vítima de abuso sexual durante trote na universidade
Foto: Luciano Lopes/São Carlos Agora
Tiros acertaram paredes e vidros do alojamento da USP em São Carlos
Tiros acertaram paredes e vidros do alojamento da USP em São Carlos

Protagonista da confusão registrada nesta semana no campus da USP de São Carlos, o estudante de ciências exatas Alexandre Rocha de 23 anos, não descarta voltar ao local. Foragido, ele foi localizado pela RAC e por telefone disse que é vítima de bulliyng. "É preciso que tomem providências para acabar com essas humilhações. Se ninguém fizer nada...", ameaçou.

Rocha é ex-aluno da USP e invadiu o alojamento armado na noite de quarta-feira (28), quando agrediu um estudante a coronhadas e fez três disparos. Os tiros não acertaram ninguém, mas houve pânico e correria no campus que teve as aulas suspensas, sendo retomadas somente nesta sexta-feira (30).A Polícia Civil pediu a prisão temporária do jovem, que continua foragido. A USP informou, em nota, que vai reforçar a segurança na universidade com a ajuda da Polícia Militar. Ele havia denunciado colegas por um trote violento em março deste ano, quando afirma ter sofrido abuso sexual. Ele alega ser vítima de bulliyng desde então e reclama que a universidade e a polícia não teriam feito nada para ajudá-lo. Ele falou à reportagem que antes de ir ao campus acertar as contas ligou para o delegado que cuida do caso e avisou, mas ele não teria levado a ameaças a sério. Segundo ele, os alunos utilizavam as redes sociais para pressioná-lo.

O delegado em questão, Aldo Del Santo, confirmou que o rapaz teria lhe telefonado. Ele garante que seguiu todos os tramites legais no caso do inquérito envolvendo o trote em março. E contou que estará pedindo a prisão temporária do rapaz após os disparos efetuados no alojamento.

O ex-aluno disse que foi à universidade durante a tarde de quarta-feira para acessar a internet do local. Ao chegar, encontrou um dos estudantes que, segundo ele, participou das agressões no alojamento seis meses atrás. “Ele foi bastante hostil comigo e tivemos um bate-boca”, relatou.

Ele teria ido para casa com raiva e à noite voltou à USP, armado, mas não revelou onde obteve a arma. “Ele fez um movimento brusco e me assustei. Eu estava com arma abaixada, não apontada. Foi uma forma de intimidar. Eu não pensava em atirar. Dei uma coronhada e acabou disparando. O primeiro foi acidental, depois o pessoal começou a correr, disparei mais duas vezes. Na minha cabeça passou pouca coisa aquela hora, a consciência mesmo estava nula. Não pensava em muita coisa”, contou.


O ex-aluno disse que atirou para o alto sem mirar em ninguém, mas que tomaria outra atitude como reação de defesa caso tentassem tomar a arma dele. Disse ainda que foi a primeira fez que atirou. Os disparos acertaram as paredes e as janelas do alojamento, mas não atingiram ninguém. O estudante que levou a coronhada foi socorrido à Santa Casa, medicado e liberado.

Medo

Alunos envolvidos na confusão estão com medo de voltar para a moradia estudantil. Eles temem que o atirador retorne e dessa vez acerte os alvos. A USP intensificou a fiscalização e patrulhamento no campus de São Carlos com o apoio da Polícia Militar.

Alexandre Rocha falou que teve problema de saúde e que não obteve ajuda. "Tive depressão e no início fui atendido por um médico da USP, passando a tomar medicamentos. Mas depois não me ajudaram em mais nada, sendo que eu precisava de apoio psicológico e remédios".

A universidade negou ter abandonado o rapaz. "Informamos que a USP, através do seu Serviço de Promoção Social, ofereceu ao aluno em questão atendimento psicológico e também os auxílios que dispõe para garantir a permanência estudantil. Mesmo assim, o então aluno optou por se desligar da instituição", diz nota encaminhada nesta sexta (30).

A Polícia Civil pediu a prisão temporária do jovem, que continua foragido. A USP informou, em nota, que vai reforçar a segurança na universidade com a ajuda da Polícia Militar a partir desta sexta-feira (30). Os estudantes do alojamento estão com medo de voltar ao local.