Valdemir Roberto
Da Redação
A novela entre Prefeitura de Cuiabá e Câmara Municipal de Cuiabá parece que não terá um final feliz. A discussão, que vem travando as duas partes promete ainda capítulos mordazes e que caminham para a irritação da sociedade cuiabana.
A CPI dos Maquinários, que poderia ser apenas uma questão de fiscalização de contratos e confirmação da lisura da administração, acabou se transformando em um embate sem sentido, desnecessário e de contornos terríveis para a classe política cuiabana.
E mais um capitulo para esta degeneração foi provocada na terça-feira quando o prefeito Mauro Mendes resolveu aumentar ainda a fervura entre o poder executivo e o legislativa. Irritado com a decisão do vereador Clovito de antecipar sua licença médica e retornar às atividades para presidir a CPI dos Maquinários, ele resolveu mandar demitir todos os servidores lotadas nas secretarias e autarquias do Município e que foram indicados pelo vereador.
Analistas dizem que a atitude vingativa de Mauro Mendes é o rescaldo de alguém que está em seu primeiro mandato e que nunca atuou na vida política, não exerceu nenhum cargo na vida pública. Experiente, Clovito disse que está com a caneta na mão e que vai analisar tudo até o fim na CPI, que vai exigir explicações de um contrato da Trimec de R$ 9,5 milhões com a prefeitura e que este contrato, por força de uma decisão do Tribunal de Contas da União, não poderia ter sido assinado. Será mais uma dose venenosa da vingança que permeia os dois poderes nos últimos dias.
E o vereador Clovito afirma que não está indo para a oposição, que sempre manteve uma neutralidade em sua atividade. “Vou estar sempre ao lado do povo. O povo exige que se explique como é este contrato. Por isso hoje estou ao lado da oposição”, explanou o vereador.
Irritado, Mendes não aceitou a “afronta” e mandou exonerar os servidores indicados pelo vereador. Clovito por sua vez sustenta que não deve nada a ninguém e por isso não teme qualquer represália. Por tal motivo, segundo ele, e para defender o povo e ajudar a esclarecer as muitas dúvidas que pairam no ar, assinou o pedido de CPI formulado pelo social democrata Toninho de Souza. A Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada para investigar a responsabilidade da gestão Mauro Mendes na polêmica licitação de R$ 9,5 milhões para locação de máquinas e caminhões que teve entre as vencedoras, empresas de propriedade de empresários amigos e sócios de Mauro Mendes em empreendimentos do ramo da mineração.
Clovito lamenta pelas exonerações dos servidores. “Inclusive até secretário que teria que tomar posição e pedir pra ficar, que trabalha direitinho, honesto, que trabalha até 8 da noite e não tinha horário pra trabalhar. Isso prova que tem retaliação sim do outro lado. Eu falei na tribuna e vou repetir: não sou oposição ao Mauro Mendes, sou independente nesta Casa a partir de hoje. Tudo que for a favor do povo estarei com ele [prefeito], contra o povo tenho que ficar contra ele. Tenho que ficar do lado do povo que me elegeu”, disse Clovito ao mandar o recado a Mendes.
Sobre as demissões, o petebista disse que o prefeito agindo com “mágoas” não o atinge diretamente. “Quem vai sofrer com isso são as pessoas que perderam o emprego. Mas enquanto o vereador Clovito estiver vivo, meu povo humilde não passa fome. Eu não deixo”, ressalta.
Clovito garantiu ainda que os funcionários eram pessoas dedicadas e foram demitidos por causa da retaliação do prefeito. Mauro Mendes. “Tenho prova de gente que trabalhava sábado e domingo sem receber hora extra, então eles estavam fazendo o papel até mais do que um funcionário da prefeitura. Estavam fazendo isso para ajudar Cuiabá. Quando isso acontece, a retaliação, eu pergunto: Por que ficaram bravos? Eu não posso assinar uma CPI? É difícil, mas tudo bem, eu vou fazer meu papel nesta Casa”.