Deputado pede que CNJ averigue tramitação de processos judiciais envolvendo Adail Pinheiro

Requerimento feito pela Comissão de Combate ao Crime Organizado foi encaminhado ao ministro Joaquim Barbosa

Internet Prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP) pode ser investigado pelo CNJ a pedido de comissão da Câmara dos Deputados
Internet Prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP) pode ser investigado pelo CNJ a pedido de comissão da Câmara dos Deputados (Divulgação)
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados (CSPCCO) enviou, na última quarta-feira (21), um ofício ao presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Joaquim Barbosa, pedindo que o órgão averigue a tramitação de processos judiciais envolvendo o prefeito de Coari (a 370 quilômetros de Manaus), Adail Pinheiro (PRP).
Assinado pelo presidente da comissão, deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), o ofício (nº 126/13) refere-se a denúncias que relacionam o prefeito à exploração sexual de crianças e adolescentes. O ofício foi uma iniciativa de um dos membros da comissão, deputado federal Lourival Mendes (PTdoB-MA), por meio do requerimento nº 249.
No requerimento apresentado à comissão, Lourival lista os processos em que Adail é parte nas diferentes esferas da Justiça e defende: “a preocupação do Parlamento Brasileiro se faz necessária, uma vez que as gravações da Polícia Federal, na Operação Vorax, atestam que 06 (seis) magistrados, entre juízes e desembargadores, do Poder Judiciário do Estado do Amazonas foram flagrados/gravados negociando e prometendo favores ao Sr. Manoel Adail Amaral Pinheiro”.
Lourival elenca, no requerimento, 70 processos em que Adail é parte, que tramitam na Justiça Federal e Estadual. “É inadmissível, no Estado Democrático de Direito, que o crime organizado tente se apoderar do Estado e consequentemente tente manipular a tramitação de processos judiciais, objetivando alcançar a prescrição da pretensão punitiva”, sustentou o parlamentar no requerimento aprovado pela comissão.
A CRÍTICA tentou contato por telefone, ontem, com o deputado Lourival mas, segundo um funcionário do gabinete dele, em Brasília, o parlamentar estava no interior do Maranhão, onde não há sinal de telefone celular. O requerimento apresentado à comissão, assim com o ofício encaminhado ao CNJ estão disponíveis no site da Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br).
O requerimento de Lourival foi aprovado em reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados (CSPCCO) do dia 14.
A CSPCCO foi criada em 2002 para ser um espaço de discussão e cobrança de políticas públicas para combater o aumento da violência no País.
Prefeito desconhece denúncia
O prefeito de Coari, Adail Pinheiro, por meio da assessoria de comunicação, informou que não cometeu nenhum crime, por isso não teria o que comentar sobre a ação da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados (CSPCCO) contra ele.
O próprio Conselho Nacional de Justiça já comprovou a participação direta de magistrados na organização criminosa montada na Prefeitura Municipal de Coari descoberta pela Polícia Federal na Operação Vorax, em 2008.
QuadrilhaSegundo investigação da Polícia Federal, o prefeito Adail Pinheiro liderava um grupo que movimentava um esquema de fraudes em licitações no município. Na mesma operação, a polícia afirmou que ele também patrocinava a exploração sexual de menores. Essa denúncia até hoje espera por julgamento na Justiça Estadual.
Depoimento em Brasília no dia 27
Adail Pinheiro vai depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no dia 27. A audiência ocorrerá às 14h na Câmara dos Deputados.
A CPI também definiu data para retornar ao Município de Coari, para ouvir outras pessoas, mas manterá o dia da viagem em sigilo.
Os parlamentares da comissão querem ouvir Adail sobre uma suposta rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, que seria chefiada por ele.
Adail começou a ser investigado pela Polícia Federal em 2006, por suposto desvio de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) repassados ao município.
As denúncias de pedofilia começaram a aparecer no decurso dessas investigações, em escutas telefônicas judicialmente autorizadas, realizadas pela PF. As investigações culminaram na chamada Operação Vorax, cujo relatório foi divulgado em 2008.