| Ana Paula é Psicóloga das Aldeias SOS de Caicó |
Na entrevista ela alerta os pais para a necessidade de manter uma comunicação atenciosa e de confiança com os filhos .
Gláucia Lima - O que é abuso sexual? Quem o comete?
Ana Paula - O que difere o abuso da exploração é que no caso do abuso o agressor não comete apenas o ato sexual propriamente dito. Muito mais o que a violência física, existe uma violência psicológica. No caso da exploração existe alguém por trás de tudo chegando inclusive a lucrar com isso.
GL - O que leva ao abuso?
AP - É o desejo de uma gratificação sexual a qualquer custo. Mas é preciso entender que nem todas as pessoas que abusam são pedófilas. Elas podem não serem pedófilas e estarem abusando, porque para isso é preciso um laudo médico constatando que o agressor tem realmente um transtorno.
Por outro lado, quem não é pedófilo e pratica o abuso, é mera questão de falta de pudor, de querer satisfazer - a qualquer preço - um desejo, e acaba desconsiderando que quem está em risco é uma criança ou um adolescente, ou ele próprio, juridicamente falando.
GL Quem o comete?
AP - Geralmente são pessoas de dentro do convívio porque o silêncio pra ser mantido, ele precisa que a criança ou o adolescente confie nele. E o agressor acaba se utilizando do método da ameaça do tipo: “Eu conheço seu pai e sua mãe e se você contar pros seus pais eu posso matá-los”. A história da pessoa desconhecida que aborda a criança é a que menos ocorre. Pesquisas indicam que a maior parte dos abusos acontece dentro da família por parte de pais e padrastos, mas isso não quer dizer que não exista abuso entre mãe e filho ou filha
GL - Quais os indícios de que a criança está sendo abusada?
AP - É importante ficar atenta aos sinais
A criança tem uma mudança radical e freqüente de comportamento, ela pode apresentar manchas no corpo, a criança passa a ter medo de ficar sozinha ou com pessoas estranhas e quando o agressor se aproxima ela muda completamente . “É importante que os pais fiquem mais atentos aos filhos, com quem eles estão saindo ou brincando, fazendo sempre esse acompanhamento em casa, na rua, na escola.
GL - Quais as conseqüências emocionais?
AP - A criança não terá um crescimento saudável e se isso não for tratado cedo, na fase da puberdade essa criança terá uma série de conseqüências negativas. Por isso é importante que os pais conversem sempre com os filhos e jamais, eu digo, jamais, quando o filho fizer alguma pergunta sobre sexualidade, digam: isso não é conversa pra você. Se o filho não tem a resposta em casa, ele vai procurar na rua e nem sempre a resposta da rua é a correta. Outro dano é a dificuldade de envolvimento emocional e de desenvolver laços de confiança.
GL - Você acha que um abuso sexual na infância interfere na decisão sexual na fase adulta?
AP - Claro que sim. A vítima pode ter a dificuldade de se distinguir enquanto hétero ou homossexual. Não que isso é ruim porque ser homossexual não é ser doente, mas com certeza, interfere.Por outro lado, existem pessoas que conseguem dar um novo significado, outras não. Vai depender de qual tipo de acompanhamento ela teve ou terá.
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