MP abre nova investigação para apurar número “expressivo” de supostas vítimas


Apreensão de materiais no computador e nos imóveis do ex-assessor da Câmara de Londrina, acusado de crimes sexuais contra crianças, ampliou a apuração do Ministério Público (MP)

Fábio Calsavara
Os materiais apreendidos nos computadores e nos imóveis do advogado Marcos Colli, preso na segunda-feira (20) sob suspeita de estupro de pelo menos três crianças, deram início a uma nova investigação por parte do Ministério Público (MP). Segundo o delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore, o número de possíveis novas vítimas é “expressivo”. O acusado perdeu, desde a detenção, o cargo de assessor na Câmara Municipal de Londrina e a presidência do Partido Verde (PV) local.
O delegado confirmou que a nova investigação começou na terça-feira (21), além da ação penal em andamento, com a denúncia do MP acatada pela Justiça. “Essa nova investigação foi iniciada a partir do cumprimento dos mandados de busca e apreensão e da prisão do Marcos Colli. O caso ganhou outra amplitude. O que era grave ficou pior ainda.”
Sem entrar em detalhes, já que o processo corre em segredo de Justiça, o delegado confirmou que novos depoimentos devem ser solicitados pelo MP nos próximos dias.
Espaço improvisado
A primeira noite de Marcos Colli no batalhão central do Corpo de Bombeiros foi em uma sala improvisada. Ele foi transferido da unidade dois da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) na noite de terça-feira (21), depois de um pedido feito pelo advogado Maurício Carneiro.
De acordo com o advogado, o local onde Colli está alojado é uma sala pequena, onde ficam os armários dos bombeiros. “O espaço está em reforma, não tem estrutura para atender a solicitação. Os bombeiros só receberam [Marcos Colli] por conta da ordem judicial”, disse. Um colchão foi colocado no chão da sala para que Colli pudesse passar a noite.
Questionado sobre um possível pedido de habeas corpus, Carneiro disse que vai conversar com a família de Colli para ver se continua na defesa. “Estou atendendo este caso a pedido de um colega de profissão, que não estava em Londrina quando foi chamado pela família. Como ele já retornou, precisamos acertar essas questões, se ele vai assumir a defesa ou se continuo à frente do caso.”
Entenda o caso
Marcos Colli foi preso na tarde de segunda-feira (20) quando saía de uma agência bancária dentro do prédio da Prefeitura de Londrina. Ele é suspeito de ter cometido crimes sexuais contra crianças.
A prisão foi decretada depois de Colli não comparecer para depoimentos solicitados e de buscas realizadas pela polícia em computadores e nos imóveis dele. Brinquedos e peças de roupa infantil estão entre os itens apreendidos. A investigação também se dá em torno de perfis “falsos” nas redes sociais que seriam do investigado.
Colli era assessor do presidente da Câmara Municipal de Londrina, Rony Alves (PTB). A Mesa Diretora da Câmara determinou, ainda na segunda-feira (20), a exoneração do funcionário. “Fiquei abismado. Tomara que seja um equívoco”, afirmou o presidente da Câmara, em entrevista ao JL. “Na Câmara, ele tinha uma conduta ilibada, tranquila. Sempre foi companheiro. Em que pese à capacidade dele não há como mantê-lo no cargo com uma acusação grave dessas. Se um dia provar a própria inocência, não vejo dificuldade dele voltar à Câmara.”
Além do cargo de assessor na Câmara, Colli perdeu a presidência do PV em Londrina. Na terça-feira (21), João Batista Beltrame, membro da executiva estadual do partido, esteve na cidade para tratar da crise aberta com a prisão do advogado. A presidência será ocupada momentaneamente por Mário Takahashi. Ele disse que o PV e seus militantes ficaram “surpresos e tristes” com a acusação que pesa contra Colli e que ele nunca teve um comportamento que levantasse suspeitas. “Não vamos julgar, nem fazer juízo de valor. Vamos dar o tempo necessário para o esclarecimento”, ponderou.