Pouco depois de 21h do dia 16 de agosto, três dos 28 policiais civis que participaram da operação na favela do Rola prestaram depoimento na 36ª DP (Santa Cruz). As declarações dadas pelos agentes são divergentes das imagens feitas quatro horas antes, durante a ação. Os vídeos foram divulgados pelo EXTRA no último sábado.
O primeiro a ser ouvido foi Mauro José Gonçalves, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Ele informou que a operação foi feita, com autorização do delegado Ricardo Barboza, para “apurar a denúncia” de que havia homens armados na comunidade. Na última segunda-feira, entretanto, a chefe de Polícia Civil Martha Rocha disse que o cumprimento do mandado de prisão de Diogo de Souza Feitoza, o DG, era o motivo da ação.
O agente conta que, ao chegar na favela, os policiais “foram recebidos a tiros por diversos elementos fortemente armados.” A partir daí, ele diz ter guiado “as equipes de terra”. No vídeo das câmeras do helicóptero e do capacete de um dos policiais aparecem, entretanto, apenas dois homens de fuzis. Nas imagens, em momento algum os suspeitos atiram.
“De imediato, (os suspeitos) revidaram aos disparos, momento em que um dos elementos foi baleado”, descreve o policial, que estava no helicóptero. Aos 10m56s, entretanto, os agentes gritam: “Pegou, pegou!”, logo após atingirem um homem que corria, e não revidava.
Já Bruno Guimarães Seródio, da Seção de Operações Táticas Especiais (SOT) diz que foi obrigado a desembarcar da viatura por causa dos tiros e que andou “cerca de 1,5 quilômetro por ruas pavimentadas e com residências” - 300 metros a menos do que diz ter percorrido Jair Correa Ribeiro, da Core. Ambos contam que os projéteis “vinham de todos os lados”.
Foram ouvidos seis viciados em drogas. Eles deram a mesma versão: estavam na favela para comprar maconha, cocaína ou crack, quando começou o tiroteio. Cinco teriam se protegido dos tiros na quadra.
- Confronto
Bruno relatou que a equipe se abrigou em um bar, onde trocou tiros com bandidos. “Somente após conseguirem controlar a situação e fazer cessar os tiros” eles viram os três baleados lá dentro.
- Comemoração
A câmera, entretanto, mostra que, ao chegar no bar, a equipe do helicóptero se cumprimenta e comemora.
- Contagem
Aos 32m, os policiais se abraçam e sorriem.“Tem três aqui mais um lá”, conta um policial, sobre os mortos.
- Casa
Jair diz que, depois do bar, ele entrou em uma rua a direita, onde houve intensa troca de tiros. Contou ter percebido tiros vindos dos fundos de uma casa”. Revidou e “logo após encontrou o elemento caído”, com uma pistola. Diz ter chamado imediatamente “o blindado para socorrê-lo”
- Desarmado
Nas imagens, após sair do bar, os policiais vão até a casa. Nenhum tiro é ouvido. Aos 35m44s, um agente pergunta sobre o corpo: “Tá com arma, aí?”. Outro diz que não com a cabeça.
- Socorro
Eles envolvem o corpo em um lençol, o levando para a rua. Aos 39m40s, um dos policiais dispara sem querer. Outro brinca: “Cuidado aí! O morto atirou!”Aos 40m6s, o corpo chega ao bar.
- Estranheza
Jair disse o que lhe causou estranheza”: moradores nas ruas ao serem alertados pelos policiais, diziam: “Não podemos fazer nada.”
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