Consultor sugere escolta à vítima de estupro

Com carro quebrado, em São Paulo, vítima foi abordada por um homem que se passou por mecânico e, em seguida, a atacou
Carro da psicóloga quebrou na Marginal Tietê / Edu Silva/Futura Press/FolhapressCarro da psicóloga quebrou na Marginal TietêEdu Silva/Futura Press/Folhapress

Um fato chamou a atenção no caso dapsicóloga estuprada por um homem se passando por mecânico, na noite dessa quarta-feira, após o carro da mulher quebrar na Marginal Tietê, via expressa da capital paulista: momentos antes de ser atacada, a vítima foi orientada pela CET (Companhia de Engenharia e Tráfego) a parar o carro em um local com pouco trânsito e aguardar a chegada de um guincho, que seria enviado pelo seguro. Para o consultor e especialista em trânsito Horácio Augusto Figueira, a ação do agente da CET não foi equivocada do ponto de visto técnico, mas sim na questão do bom senso.

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"Não está na regra (aguardar, por exemplo, a chegada do socorro quando o carro quebra em uma via), mas é uma postura de cidadania. No mínimo a CET deveria ficar ali, aguardando, ou até acionar a polícia (já que a mulher estava sozinha e à noite)", diz Horácio ao Portal da Band. "Claro, pode ser que ela tenha dispensado a presença da CET, mas fica a questão: se fosse a minha mulher, eu a deixaria sozinha?".

O especialista usa como exemplo uma situação vivida por ele próprio. Há alguns anos, enquanto dirigia pelo bairro do Tucuruvi, de dia, ele se deparou com uma mulher em um carro quebrado, sozinha, em um lugar pouco movimentado. "Percebi que ela estava meio angustiada, com duas crianças, então eu parei o carro e perguntei se ela precisava de algo".

Outro fato, segundo Horácio, colaborou com a ocorrência do estupro: a falta de fiscalização e monitoramento policial à noite. "Se você rodar a cidade de madrugada, não vai encontrar muitas viaturas circulando. Temos que ter policiais rodando 24 horas e prontos para agir quando perceberem algo de anormal, ou até ajudar, se for o caso".

"A verdade é que, se você quebrar o seu carro de madrugada hoje, em São Paulo, você está literalmente frito", encerra o especialista.

CET

Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira, a CET informou que "está apurando os fatos e os procedimentos adotados no episódio. Aliado a isto, a empresa tem como norma básica garantir a segurança de pedestres, ciclistas e motoristas".

Durante a tarde, a Companhia de Engenharia de Tráfego divulgou um "complemento da nota anterior" com mais esclarecimentos sobre o caso.

Leia, abaixo, a íntegra:

"O atendimento da CET teve início às 17h42, na pista local da Marginal Tietê, sentido Rodovia Ayrton Senna, próximo à Avenida do Estado. O veículo particular se encontrava parado na pista por problemas mecânicos.

Um agente da CET, que transitava a trabalho pelo local, removeu o automóvel até um local seguro, à direita da via. A proprietária do veículo sinalizou o espaço com um triângulo e acionou o pisca alerta. Estabelecido o procedimento de segurança de trânsito, o agente deixou o local às 18h19.

A CET tem como norma básica garantir a segurança de pedestres, ciclistas e motoristas, sempre respeitando o Código de Trânsito Brasileiro. Nossa intenção e ação são sempre de prestar o serviço adequado às circunstâncias do dia-a-dia ocorridas no viário da cidade.