Dados comparam os registros dos 3 primeiros meses deste ano e de 2012.
Só em Ourinhos, o número de casos aumentou 300% neste período.
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O número de casos de estupro aumentaram 300% em Ourinhos (SP), na comparação entre os primeiros três meses de 2013 e 2012. Nesse período no ano passado foram registrados 8 casos e neste ano foram 23 ocorrências de estupro na cidade, onde o crime tem acontecido com mais frequência em relação às cidades da região Centro-Oeste Paulista. Para as autoridades, existe também um dado muito preocupante: somente 12% das vítimas, fazem a denúncia. O que significa que o número de casos é bem maior do que o registrado pelas estatísticas oficiais.
Para as vítimas, o estupro é um trauma delicado e difícil de ser superado. "A gente fica sem chão. Não acredita que está passando por aquele momento. Principalmente depois que se vê no espelho", afirma umas das vítimas, moradora de Ourinhos. Há um ano e meio a mulher, que prefere não se identificar, foi alvo de um estuprador. O homem a violentou no momento em que ela saia do trabalho.
"Eu estava trabalhando em um domingo a noite na escola. Quando estava indo embora fui abordada pelo agressor. Não consegui segurar a porta. Ele me agrediu por 40 minutos. Os vizinhos ouviram e chamaram a policia e ele foi preso", conta.
A gente fica sem chão. Não acredita que está passando por aquele momento"
Vítima de estupro em Ourinhos
O agressor desta vítima permanece preso. Casos como este são cada vez mais comuns em todo o país. Somados os registros de cem cidades que fazem parte da região de Bauru, o número chega a 200 estupros registrados de janeiro a março deste ano. Um aumento 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 157 casos. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública em São Paulo.
Todos os dias são registrados em média 38 casos de estupro no estado de São Paulo. No primeiro trimestre de 2013, o índice registrado no estado subiu 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Só que para os especialistas, isso não significa que houve um aumento na prática de crimes sexuais.
O aumento, na verdade, ocorreu no número de denúncias, que mesmo assim continua muito baixo. “A prática ela existe, mas a denúncia é muito pouca. Apenas d12% dos casos em todo o mundo são denunciados. 10% são praticados por parentes e 2% por pessoas desconhecidas”, afirma a delegada Ana Ruth Bertolasso.
Para melhorar esse índice, existe o disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da presidência da república. O telefone tem sido uma ferramenta importante para a polícia chegar as vitimas e aos criminosos. "Delegacia da Mulher procura incentivar a denúncia porque sem ela não podemos preservar a vítima. Hoje temos o disque e através dele a pessoa não precisa se identificar e a policia vai atrás", completa a delegada.
Desde 2009, a Justiça considera como estupro todo o tipo de ato sexual realizado por meio de violência ou ameaça. A lei engloba crimes praticados contra mulheres e homens. O abuso sexual de menores de idade também entra para as estatísticas de estupros. Em Ourinhos, o Centro de Testagem e Aconselhamento Municipal possui uma equipe multidisciplinar para atender adultos, vítimas de violência sexual. O primeiro passo para o início do tratamento depende muito das denúncias.
Superar o trauma não é tarefa fácil, mas o caminho pode ser simplificado para quem busca pela ajuda certa. "No começo é muito difícil hoje que consigo falar sobre o assunto. Se não tivesse o apoio eu não estaria aqui. No começo você tem vergonha, se sente culpada de uma culpa que não é sua. Mas hoje eu superei graças a ajuda que tive”, completa a vítima de estupro.
