Aécio Neves é eleito presidente do PSDB com 97,3% dos votos


Em clima de campanha, o senador Aécio Neves (MG) assumiu neste sábado (18) a presidência nacional do PSDB e foi recebido por correligionários na convenção nacional do partido, em Brasília, aos gritos de "Brasil, pra frente, Aécio presidente".
George Gianni / PSDB
Senador Aécio Neves (MG) assumiu neste sábado (18) a presidência nacional do PSDB
Potencial nome à Presidência em 2014, ele chegou ao evento acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) e do governador de Goiás, Marconi Perillo. A ausência do ex-governador José Serra, que chegou só depois, foi sentida. Aécio enfrenta resistência por parte da seção paulista do PSDB, especialmente do grupo ligado a Serra.
Em seu discurso, Aécio afirmou que o PT "se conforma com a administração diária da pobreza" e disse que, se tivesse que classificar o governo da presidente Dilma Rousseff, ele se resumiria a três marcas: "PIBinho ridículo, irrisório e vexatório, a inflação saindo de controle e as obras inacabadas e estagnadas".
Irônico, Aécio criticou a quantidade de ministérios no governo Dilma –recentemente, foi criado o 39º, o de Micro e Pequenas Empresas-- e disse que, se continuar nesse ritmo, o Sri Lanka, país do Sudeste Asiático que, segundo ele, tem 53 ministérios, passaria a vice-campeão, atrás do Brasil. "Isso não é respeitoso com a população brasileira."
À frente da sigla, Aécio poderá viajar o país para articular internamente a sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Em uma tentativa de contornar a falta de unidade na legenda e apaziguar os ânimos, Aécio precisou negociar cargos importantes na nova direção nacional da legenda. Assim, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame (SP), ligado a Serra, foi escolhido para a Secretaria-Geral, o braço operacional do partido. E o ex-governador Alberto Goldman, também considerado serrista, deve continuar na vice-presidência.
Na festa de Aécio, Serra faz discurso sem citar candidatura de mineiro
Sem fazer menção ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) como candidato à Presidência em seu discurso na convenção nacional do PSDB, hoje, o ex-governador José Serra (PSDB-SP) disse que já viu "muita água passar por debaixo da ponte" no Brasil -num sinal de que não desistiu de disputar o Palácio do Planalto em 2014.

Serra disse que a sigla vai "aglutinar o máximo de forças" para derrotar o projeto de governo do PT, mas não colocou o nome de Aécio como futuro adversário da presidente Dilma Rousseff na corrida presidencial. "Vamos buscar a convergência. Não apenas no PSDB, mas com todos que estejam dispostos a marchar na defesa da decência, da liberdade, do progresso e da justiça."

O ex-governador disse que os tucanos reunidos hoje estão "com absoluta certeza do mesmo lado em 2014", no lado da "justiça social com crescimento e democracia".

Ao encerrar seu discurso, Serra desejou a Aécio e à nova direção do partido boa sorte -mas cobrou responsabilidade para levar a sigla à Presidência.

"A esta Presidência, a esta Executiva, a ela nós atribuímos a responsabilidade pela construção das nossas forças de oposição. A ela atribuímos a responsabilidade de conduzir nosso partido, e as oposições no Brasil, à vitória que o povo brasileiro merece no ano que vem."

Ao falar de sua biografia, o tucano lembrou que já tomou "grandes decisões" na vida pública e com os olhos em 2014 vai "atuar em favor da unidade das oposições e de quantos entendam que é chegada a hora de dar um basta a essa incompetência incrível, porque eles são orgulhosamente incompetentes".

Serra disse que as "dificuldades extremas" nunca lhe assustaram e que as regras do regime democrático não vão "constrangê-lo". "Eu vou lutar como sempre, com clareza, com lealdade, sem ambiguidades ou palavras de sentido impreciso. Porque esse é meu estilo. Não tenho porta-vozes. Não tenho intermediários. Não tenho intérpretes. Quem quiser saber o que penso tem só uma fonte confiável: eu mesmo. E conto com lealdade recíproca."

O partido tem dúvidas sobre a permanência de Serra na sigla. Sua participação no evento é encarada como sinal de que ele pretende ficar. Nas duas vezes em que disputou a Presidência, em 2002 e 2010, Serra se mostrou insatisfeito com o apoio recebido de Aécio.

Na tentativa de superar essa divergência e pavimentar apoio em São Paulo, Aécio contemplou o PSDB paulista com a metade dos cargos da Executiva Nacional. Quatro deles serão ocupados por serristas: Alberto Goldman, Andrea Matarazzo, Aloysio Nunes e Mendes Thame.

Em seu discurso, Serra fez ataques ao governo Dilma Rousseff. Disse que os petistas provocaram a "estagnação econômica" e avançou no "autoritarismo".

"O partido quer submeter o Supremo Tribunal Federal à maioria governista do Congresso Nacional. Quer fechar o acesso dos novos partidos ao fundo partidário e ao tempo de rádio e televisão. Quer impedir o Ministério Público de investigar", atacou.
 Folhapress com agências