Bispo e líder xavante estão na lista de ameaçados de morte


Levantamento é da Comissão Pastoral da Terra; a maioria dos conflitos foi em terras indígenas

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Casaldáliga e Damião: na lista de ameaçados de morte por conflitos no campo
DA REDAÇÃO
O bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia (1.200 km a Nordeste de Cuiabá), dom Pedro Casaldáliga, e 18 índios - entre eles o cacique xavante Damião Paridzané, da reserva Marãiwatsédé -, estão na lista das 21 pessoas ameaçadas de morte em conflitos por terra, no ano de 2012.

A informação consta do relatório "Conflitos no Campo", da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Casaldáliga, de 84 anos, nasceu na Espanha e é conhecido por sua luta em defesa dos índios e dos menos favorecidos em Mato Grosso.

No ano passado, ele chegou a deixar sua casa, em São Félix do Araguaia, a pedido da Polícia Federal, após receber ameaças.

Já o cacique Damião liderou os xavantes na luta pelo reconhecimento de Marãiwatsédé, no município de Alto Boa Vista (1.059 km a Nordesta da Capital), como território indígena, o que ocorreu no ano passado, após decisão da Justiça Federal. Mais de duas mil famílias de não-índios tiveram que deixar a área.

Na lista estão ainda Teobaldo Francisco de Almeida, da Gleba Nhandu, em Novo Mundo, e 15 indígenas da etnia myky, em Brasnorte, assim como Mário Paridzané, filho de Damião, e o cacique xavante Tsuime, da Terra Indígena São Marcos, em Barra do Garças.

Entre os ameaçados de morte estão ainda o ex-prefeito de Alto Boa Vista, Wanderley Perin.

Conflitos em terras indígenas
De acordo com o levantamento da Comissão Pastoral, dos 23 conflitos por terras ocorridos em Mato Grosso, durante o ano de 2012, 14 foram em terras indígenas. Nove deles ocorreram em Marãiwaitsédé.

Os outros conflitos indígenas, de acordo com o documento, foram na Aldeia Teles Pires (Alta Floresta), na Terra Indígena Batelão (Apiacás), TI São Marcos (Barra do Garças), TI Menku (Brasnorte), TI Kaponhinore (Colíder) e TI Urubu Branco (Confresa).

A Pastoral da Terra também detectou conflitos no campo em Chapada dos Guimarães (acampamentos Monjolim e Santa Elvira), em Nova Guarita (Gleba do Gama), Novo Mundo (Acampamento União Recanto e Gleba Nhandu), Rosário Oeste (Gleba Marzagão) e Sorriso (Assentamento Santa Rosa I e II).

Trabalho escravo


Em relação às práticas análogas ao trabalho escravo no ano passado em Mato Grosso, foram libertados 75 trabalhadores em oito fazendas, uma usina de álcool e uma carvoaria, localizados nos municípios de Cáceres, Castanheira, Feliz Natal, Juruena, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde, Poconé, São José do Rio Claro e Sinop.

As atividades que os funcionários exerciam eram no ramo da pecuária, reflorestamento e agrotóxicos, soja, roçagem de juquira, desmatamento, cana-de-açúcar e carvão vegetal.

A maior quantidade de trabalhadores libertados foi na Usina da Alcopan, em Poconé: 20 pessoas.