Crianças não são exploradas só nos circos, afirma conselheiro


Psicóloga, conselheiro e coordenadora de circo debatem situação.
O Jornal do Piauí debateu hoje (18) a situação das crianças que estariam sendo vítimas de exploração em um circo montado na cidade de Monsenhor Gil. O conselheiro do Grupo de Amigos da Vida, Miranda Neto, afirmou que a exploração de crianças não se restringe às lonas desse circo, mas também a bares e outros estabelecimentos que não deveriam ser frequentados por elas.


Miranda lembra que é comum em Teresina o fato de famílias possuírem bares e as crianças serem educadas neste ambiente, às vezes servindo bebidas e cigarros aos clientes. "Há um entendimento que essa exploração é crime. Mas essa exploração não é só no circo. Um outro detalhe são as famílias que tem bares e as crianças vão servir cerveja e cigarros. Isso acaba incentivando essas crianças", afirmou.

A psicóloga Alcione Garcia corroborou da opinião de Miranda Neto. De acordo com Alcione, as crianças se espelham nos pais e crescem imitando suas atitudes, seu modo de vida. "Por isso, os pais precisam ter preocupação com o que passam para os filhos", comentou.


Ainda segundo a psicóloga, as crianças de circo precisam ter uma estrutura familiar sólida para conseguirem conviver no mundo do circo. Isso porque a vida itinerante não permite que as crianças criem vínculos de amizades por onde passam. A família precisa compensar essas perdas.


A coordenadora da escola de circo Pé de Moleque, Gilza Queiroz, lembra que a arte do circo é milenar, assim como a tradição de filhos imitarem a arte dos pais. Mas, nem por isso, a legislação pode deixar de ser cumprida. Na opinião da coordenadora, as crianças precisam frequentar a escola e o governo precisa incentivar mais os circos brasileiros para que eles consigam ter estrutura e não vivam em situação degradante.


"Se as crianças estão sem ir para a escola e sendo exploradas os responsáveis tem que ser punidos. Mas, criança não trabalha só no circo. Tem que ser vista toda a conjuntura do país. O Ministério da Cultura tem que investir no circo para que essa arte não se acabe. Conheço pessoas de família tradicional de circo que tem ensino superior, que são doutores", relatou.

Leilane Nunes
leilanenunes@cidadeverde.com