Família da vítima não acreditou na história e mandou as duas para fora de casa; tio seria o autor do abuso.
Fonte: Todo Dia - Hortolândia SP
Uma menina de 9 anos foi vítima de estupro na tarde de sexta-feira, no bairro Jardim Amanda II, em Hortolândia. De acordo com informações do boletim de ocorrência, o crime foi denunciado pela mãe e teria sido cometido pelo tio da vítima.
Após passar por exames no hospital da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que confirmaram o estupro, a menina, a mãe e mais duas irmãs teriam sido expulsas de casa pela família que, ainda segundo o BO, não teria acreditado na versão da vítima. Procurados pela reportagem do TodoDia, nem a mãe nem os familiares quiseram comentar o assunto.
Segundo registrado no boletim de ocorrência, a menina relatou que o tio colocou o órgão genital “em seu bumbum e na frente”. Após ser informada, a mãe solicitou o exame de corpo de delito, que comprovou o abuso. O caso foi registrado no plantão policial da cidade, que agora irá investigar o caso.
Psicólogos ligados ao atendimento de crianças vítimas de violência analisaram o caso. Para Bárbara Dalcanale, psicóloga e psicodramatista, a violência sexual, principalmente quando acontece dentro da família, gera um pacto de silêncio difícil de ser rompido. “Nessa hora, a estrutura familiar desaba. Procuram-se culpados. Alguém ou alguma atitude tenha sido a causadora do crime. A mãe é quem, quase sempre, recebe esse fardo. Ao invés de amparo, condenaram-a ao abandono”, observou.
Opinião semelhante tem a psicóloga Maria José Navarro Vieira. “Essa mãe foi desacreditada. A família implodiu, não aguentou a situação”, afirmou, enfatizando que o contexto de violência doméstica amplia a gravidade do crime pela aproximação afetiva entre vítima e agressor.
As profissionais explicam que casos envolvendo vítimas de estupro e abuso sexual podem ser mais difíceis de serem provados, pois se tratam de crimes que não deixam vestígios materiais, o que, segundo afirmam, pode ter levado a família a não confiar no relato da vítima. Ambas admitem que uma criança pode ser levada a fantasiar situações irreais, a partir do contexto e experiências a que são expostas.
No entanto, Bárbara afirma que uma criança de 9 anos costuma ter uma percepção de mundo suficiente que dê respaldo a não confundir ficção com realidade.
“A não ser em casos patológicos, do contrário, apesar da fantasia estar presente em todas as fases da vida, aos 9 anos a criança já tem noção e alguma responsabilidade pelo que diz”, afirmou.





