Cuiabá: Mendes esperava R$ 15 milhões em caixa, encontrou só R$ 95 mil e mais de R$ 70 milhões de ‘restos a pagar’


Mauro Mendes suspendeu todos os pagamentos de obras e serviços prestados para que cada secretário faça a checagem ‘in loco’ de contrato por contrato, obra por obra e serviço por serviço.

RONALDO PACHECO
Quando abriu o caixa da Prefeitura de Cuiabá, em 3 de janeiro, o prefeito Mauro Mendes (PSB) confessou que teve uma surpresa desagradável: ao invés dos R$ 15 milhões prometidos publicamente pelo antecessor, ex-prefeito Francisco Galindo (PTB), havia apenas R$ 95 mil. E, de quebra, um lançamento contábil em ‘restos apagar’ superior a R$ 70 milhões, quando o esperado era no máximo 30% desse montante – cerca de R$ 21 milhões. Mauro Mendes se apressou em explicar para a reportagem do Hipernotícias  de que não se tratava de reclamação, mas, sim, de constatação. “É evidente que eu gostaria muito que a palavra [de Francisco Galindo] fosse cumprida, mas isso não é motivo para fazer críticas ao passado ou imaginar que a coisa está ruim. Temos é que trabalhar e isso que estamos fazendo”, disparou o prefeito.
Hugo Dias/HiperNotícias
Em reunião com secretariado, Mendes esperava R$ 15 milhões em caixa, mas encontrou apenas R$ 95 mil
Além do caixa quase vazio, Mauro Mendes revelou-se surpreso também com o montante lançado em ‘restos a pagar’ na contabilidade municipal: mais de R$ 70 milhões, enquanto a previsão – passada pela Comissão Especial de Transição – era que fosse inferior a 30% desse montante. Somente na Secretaria Municipal de Obras, são R$ 40 milhões já com notas emitidas e mais R$ 10 milhões empenhados – mas ainda sem nota.O prefeito citou também a Secretaria Municipal de Saúde, com R$ 14,5 milhões de restos a pagar. Somados aos R$ 50 milhões da pasta de Obras, somente em duas secretarias, chega-se ao valor de R$ 64,5 milhões. “Aqui eu cobro trabalho. Ninguém disse que seria fácil [administrar Cuiabá] por conta dos problemas históricos e um deles é a arrecadação”, ponderou ele, esquivando-se de fazer críticas veladas ao antecessor.Na educação, o montante de ‘restos a pagar’, cujo balanço ainda não foi fechado por causa de desencontro de informações, passa fácil dos R$ 10 milhões.Mauro Mendes suspendeu todos os pagamentos de obras e serviços prestados para que cada secretário faça a checagem ‘in loco’ de contrato por contrato, obra por obra e serviço por serviço. No caso das obras e serviços, preferencialmente, deve-se apresentar imagens daquilo que foi executado.“Vamos honrar os compromissos assumidos pela Prefeitura de Cuiabá, no tempo certo. A ordem de ‘economia total’ já está decretada e as receitas serão suficientes para saldar os débitos, mas sei que não dará para fazer tudo”, completou Mendes.