Gazeta
Foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Jardim Cuiabá o menino J.P.P.S., de 2 anos e 11 meses, vítima de maus-tratos e abuso sexual. A remoção realizada na manhã desta segunda-feira (7) ocorreu após determinação judicial.
O garoto estava, desde o dia 1º, internado no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC). As últimas informações médicas sobre o estado de saúde da criança apontam para um quadro gravíssimo com a redução nos estímulos, apresentados após a retirada da sedação.
A liminar determinando a transferência foi assinada pelo juiz Alexandre Elias Filho, que estava de plantão. Segundo o conselheiro tutelar Devair Rodrigues, o pedido para a remoção, feito pela Defensoria Pública, ocorreu após a confirmação de uma das médicas que atendia o menino de que a UTI era fundamental para mantê-lo vivo. “Lá no PS ele estava sendo bem atendido, mas faltava esta UTI. Tentamos de várias formas na Central de Regulação, mas disseram que estavam aguardando vaga. Então, passamos a informação para a defensora que decidiu ingressar com a ação”.
Na liminar concedida, o magistrado afirmou que é dever do Estado e do município assegurar que todas as medidas para garantir a vida do menino devem ser tomadas, e isso inclui o acesso a um leito de UTI, mesmo em hospital privado, além da realização de uma cirurgia, necessária segundo os médicos da Clínica da Criança, em Tangará da Serra (239 km a médio-norte da Capital), primeiro lugar que recebeu o menino, no último dia 30. Caso a determinação fosse descumprida, o juiz já havia fixado multa diária de R$ 50 mil.
Nesta segunda-feira, o tio do garoto, Francinaldo Bruno Damasceno, voltou para Cuiabá, onde acompanhará a recuperação da criança. Para ele, os ferimentos apresentados podem ter sido causados por crises de epilepsia. “Nunca vi nada de estranho no menino, mas já nos disseram que ele tinha ataques de vez em quando. Nunca presenciei isso, mas pode ser que os ferimentos tenham sido causados por isso”. Quando a criança foi socorrida, os pais disseram que J. teve um ataque e caiu no banheiro.
O tio do menino negou a informação de que a família era omissa com relação ao menino e ressaltou que desde o início esteve acompanhando o tratamento médico dado ao sobrinho. “Assumi a condição de responsável lá na Clínica da Criança, no dia 31, quando soube que os pais foram presos. Falei com os médicos e inclui o número do meu telefone nos contatos”.
O que ocorreu, de acordo com Francinaldo, foi que a criança foi transferida para Cuiabá, no dia 1º, e ninguém da família foi avisado.
“Meu outro irmão esteve lá para visitá-lo, no horário autorizado, e aí ficou sabendo da transferência. Assim que descobrimos isso, começamos a buscar os órgãos responsáveis para saber como proceder”.
Francinaldo ressaltou também que, ainda que todos os indícios apontem para maus-tratos, não está convencido de que o irmão, Fernando Bruno Pereira, 21, seja culpado do crime. “O menino foi para Tangará há 8 meses, junto com a mãe. Eles moravam no Maranhão e meu irmão foi antes para a cidade para trabalhar. Não vivia enfiado na casa do meu irmão, ele tem a vida dele e eu a minha, mas nunca percebi qualquer tipo de problema. Era uma família normal. Até agora é difícil acreditar”.
Ele não teve nenhum contato com o irmão e nem com a cunhada, Luziane de Silva Rodrigues, 27, desde que o casal foi preso, no dia 31 de dezembro.
Francinaldo pretende buscar ajuda jurídica para a defesa dos 2 e garante que se forem culpados quer que paguem pelo crime que cometeram. “Se eles fizeram isso têm que ser punidos, mas a história precisa ser apurada. Somos uma família simples, de gente tranquila e, neste momento, o que pedimos a todos é que rezem pela recuperação do meu sobrinho”.