Cantora portuguesa é indiciada em MT por aborto da filha


Adolescente de 15 anos foi internada depois de ter uma forte hemorragia

MidiaNews
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Adelaide Ferreira: artista portuguesa foi indiciada indiretamente por participação no crime
DA REDAÇÃO
A cantora e atriz portuguesa Maria Adelaide Mengas Matafome Ferreira foi indiciada indiretamente, pela Polícia Civil de Mato Grosso, por ter auxiliado a filha, de 15 anos de idade, também portuguesa, a praticar o crime de aborto.

O namorado da menor, Jean Carlo de Lima Arruda, 21 anos, e a mãe dele, Graziela Aparecida Torres de Lima, que moram em Cuiabá, também foram indiciados, diretamente, pelo crime.

A menor de idade é natural de Portugal, onde vive com a mãe, mas veio para o Brasil em setembro do passado acompanhada do namorado, que mora na região do Coxipó. O casal morava na casa de Graziela, técnica de enfermagem de um hospital público.

O caso começou a ser investigado pela Delegacia Especializada do Adolescente depois que a adolescente deu entrada no Hospital Júlio Muller com fortes hemorragias, em decorrência da ingestão de 4 comprimidos de um medicamento abortivo  comprado em um site holandês.

Funcionários do hospital acionaram a Polícia Civil e a menor de idade foi abrigada em uma casa de retaguarda, na Capital.

Em Portugal, a adolescente e Jean moravam na casa da cantora, na região de Vila Caiscais, desde fevereiro de 2012.

O aborto

Em dezembro do ano passado, a menor desconfiou que estava grávida e fez um teste de farmácia, que confirmou a gestação. Ela, então, decidiu que queria abortar.

Jean, mesmo alegando ser contra o procedimento, teria auxiliado a namorada na busca de um método eficaz para a prática. Depois de procurar métodos naturais, eles passaram a pesquisar remédios abortivos na internet.

O casal, então, comprou os medicamentos por cerca de U$ 50 (R$ 88), via depósito em agência bancária, de um site de uma organização internacional que diz auxiliar mulheres em dificuldades de manter uma gravidez.

Os 10 comprimidos chegaram, via Correios, dias depois. Em 04 de janeiro, por volta da 1h, a adolescente tomou quatro comprimidos e começou a sofrer o aborto. Por volta das 4h30, o procedimento foi concluído e o feto foi expelido no vaso do banheiro.

Porém, a adolescente começou a ter uma forte hemorragia. Conforme as investigações, antes de levá-la ao hospital, Maria Adelaide teria sido contatada via e-mail para ser avisada sobre o ocorrido.

Depois, a portuguesa teria ligado na casa de Graziela, e conversado com cada um dos envolvidos para que, no hospital, eles não dissessem quem era o pai e mentirem que a adolescente chegou grávida ao Brasil.

Além do Hospital Júlio Muller, a mesma versão foi contada para o Conselho Tutelar, para o Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e para a Casa da Retaguarda.

Crimes

A mãe da menor, o namorado e a mãe dele vão responder pelo crime de “provocar aborto com o consentimento da gestante”, previsto no artigo 126 do Código Penal Brasileiro, com pena de reclusão de até 4 anos.

A adolescente vai responder pela infração de “aborto provocado”, prevista no artigo 124 do Código Penal Brasileiro.

Interpol

O delegado titular da Delegacia do Adolescente, Paulo Alberto Araújo, expediu carta rogatória, via Interpol (polícia internacional), às autoridades portuguesas para que interroguem a mulher e mandem o teor do depoimento à Polícia Civil mato-grossense, para juntada nos autos.

Proibição de site

A Delegacia Especializada do Adolescente também solicitou ao Ministério Público Especializado e Juízo Especializado uma ordem judicial de proibição de veiculação do site holandês onde o casal comprou a substância abortiva. As “receitas” seriam enviadas por um austríaco e, os remédios, remetidos da Índia.