Acusado de mandar matar filho, secretário de Mendes teve inquérito arquivado


  
Midianews
O inquérito criminal aberto contra o secretário de Planejamento e Finanças de Cuiabá, Francisco Serafim de Barros, por suspeita de ter tramado, em 2010, a morte do próprio filho, Fábio Leão Barros, foi arquivado no mesmo ano. Barros foi investigado pela Polícia Civil de Juscimeira (157 km de Cuiabá).
A suspeita contra o secretário se deu após Fábio ter ganhado um prêmio de R$ 28 milhões na Mega-Sena, em 2006. A suposta prática criminosa teria sido motivada por disputa financeira.

De acordo com o inquérito, Fábio, que era instalador de vidros, repassou, integralmente, o prêmio a Serafim, para que ele pudesse administrar o dinheiro. O filho justificou o repasse em função de que o atual secretário, economista, ex-diretor do Banco da Amazônia e ex-superintendente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), poderia "cuidar melhor" do valor milionário.
Segundo os autos, descontente com a administração do valor, Fábio, então, teria pedido ao pai o dinheiro de volta. Neste momento, Francisco e um outro filho, chamado Fabiano, teriam afirmado que o prêmio seria um "bem de família".
Em seguida, o atual secretário teria repassado apenas uma parte do dinheiro. Com isso, começaram as desavenças e a suposta trama do assassinato de Fábio.
O caso ganhou repercussão nacional, com reportagens em vários veículos, inclusive no programa "Fantástisco", da Rede Globo.
Em 2010, a Polícia Rodoviária Federal, em uma blitz, levantou o suposto plano para matar Fábio, por meio da prisão de Ademar de Oliveira da Silva e Maxwell Silva dos Santos, que portavam arma e munições, na BR-163, a 50 km de Campo Grande (MS).
Os homens estavam com fotos de Fábio e o registro do número da placa do veículo de sua namorada. Na ocasião, Ademar teria afirmado que havia sido contratado, pelo valor de R$ 2 mil, para localizar o filho de Serafim. Com isso, as prisões preventivas do atual secretário e de seu filho Fabiano foram decretadas.
Porém, por falta de provas, o Ministério Público Estadual, por meio da promotora de Justiça Gileade Pereira Souza Maia, solicitou o indeferimento das prisões - e o arquivamento do processo na área criminal. Segundo ela, não havia "prova razoável do fato ou de sua autoria”.
Em 23 de novembro de 2010, a juíza Melissa de Lima Araújo, determinou o arquivamento do inquérito. Segundo ela, o delito dependeria de representação de Fábio, para posterior investigação e punição, o que não aconteceu.
Acordo
Além da ação criminal, a disputa financeira entre Serafim e Fábio teve desdobramentos na esfera cível. O processo correu em segredo de Justiça.
De acordo com o advogado Ricardo Monteiro, que defendeu Fábio, houve um acordo entre as partes. Ele disse que uma fazenda, que havia sido comprada por Serafim, foi devolvida ao filho.
Em contrapartida, Fábio teria dado 1.600 cabeças de gado, que estavam no imóvel, um apartamento e três caminhonetes ao pai. "A intenção criminosa foi cessada antes de ocorrer as vias de fato, portanto, apenas com a intenção, não houve a configuração do crime", avaliou.
Outro lado
O secretário Francisco Serafim de Barros foi procurado e se posicionou por meio da Secretaria de Comunicação da Prefeitura. Segundo o jornalista Orlando Moraes, o secretário municipal disse que foi "vítima de uma armação" do próprio filho, que "agiu de má fé" - fato que teria sido constatado, segundo ele, pelo Ministério Público, que pediu arquivamento do processo.
Na área cível, apesar de o processo ter corrido em segredo de Justiça, Serafim informou, também por meio da Secom, que Fábio "teve que devolver R$ 2 milhões" ao atual secretário.